ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09.06.1999.

 


Aos nove dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Paulo Brum e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Sonia Saraí. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Quadragésima Segunda Sessão Ordinária e da Décima Quarta Sessão Solene, que deixaram de ser votadas face à inexistência de "quorum" deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 07 Pedidos de Providências; pelo Vereador Eliseu Sabino, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo nº 73/99 (Processo nº 1827/99); pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de Providências e 05 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/99 (Processo nº 1837/99); pelo Vereador João Bosco Vaz, o Projeto de Lei do Legislativo nº 75/99 (Processo nº 1854/99); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 67 e 76/99 (Processos nºs 1730 e 1890/99, respectivamente); pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 20/99 (Processo nº 903/99); pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de Informações nº 87/99 (Processo nº 1892/99); pela Vereadora Maristela Maffei, a Indicação nº 38/99 (Processo nº 1844/99). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 298/99, do Senhor Raul Pont, Prefeito Municipal de Porto Alegre, e 06/99, da Senhora Edi Cogo, Presidente da Associação dos Servidores de Câmaras Municipais do Rio Grande do Sul; Convite do Irmão Antonio José da Silva, Provincial, para Missa de Ação de Graças pela canonização do fundador Marcelino Champagnat. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Neli Ferrasa, Presidenta do Centro Comunitário Orfanotrófio I, que historiou a respeito da entidade que preside, lembrando a criação da Cooperativa COOTRAVIPA e relatando os serviços sociais atualmente oferecidos à comunidade, em especial quanto ao atendimento de crianças e adolescentes, através de creches, oficinas de trabalho e serviço de apoio sócio-educativo. Após, houve a apresentação do Grupo de Dança Afro-Brasileira Orubá, do centro Comunitário Orfanotrófio I. Na ocasião, a Vereadora Sônia Saraí formulou Requerimento verbal, solicitando fossem distribuídas aos Senhores Vereadores cópias do discurso feito em Tribuna Popular pela Senhora Neli Ferrasa, registrando ser Sua Senhoria Vice-Presidenta do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Porto Alegre. Também, o Vereador José Valdir formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fosse encaminhado convite ao Centro Comunitário Orfanotrófio I, a fim de que participe do seminário sobre Globalização e Culturas Regionais, a ser realizado na Casa, dias onze e doze do corrente. Às quatorze horas e trinta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e um minutos, constatada a existência de “quorum”. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz teceu críticas à atuação do Partido dos Trabalhadores na direção do Governo Municipal, destacando posicionamentos assumidos por este Partido em denúncias de irregularidades na concessão de auxílio-creche pela Casa e na fiscalização de trânsito da Cidade. Também, comentou decisão do Poder Judiciário, contrária à forma de implantação do programa do Orçamento Participativo em nível estadual. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente João Batista Pirulito, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, discutido pelos Vereadores João Dib, Cyro Martini, Maristela Maffei, José Valdir, Fernando Záchia e Antônio Losada. Na ocasião, o Senhor Presidente manifestou-se acerca de decisões tomadas pela Mesa Diretora no ano de mil novecentos e noventa e oito, relativa à concessão de Questões de Ordem aos Senhores Vereadores, tendo o Vereador Antonio Hohlfeldt, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito. Também, o Vereador José Valdir formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fossem alterados termos utilizados em seu pronunciamento durante o período de Pauta Especial. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/99, discutido pelos Vereadores João Dib, Fernando Záchia, José Valdir e Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 51/99, discutido pelo Vereador José Valdir, o Projeto de Resolução nº 26/99; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 173/98, 55, 58, 62/99, este discutido pelo Vereador Cyro Martini, 63 e 65/99, este discutido pelo Vereador José Valdir. Durante o período de Pauta, o Vereador Guilherme Barbosa, através de Questão de Ordem, solicitou manifestação da Mesa Diretora para esclarecimento de matéria publicada hoje no Jornal do Comércio, de autoria do Jornalista Fernando Albrecht, onde consta, equivocadamente, que as alterações do Regimento da Casa, aprovadas pelos Senhores Vereadores, resultariam no aumento do número de Parlamentares deste Legislativo. Ainda, o Senhor Presidente convidou os Senhores Vereadores para participarem de partida de futebol de confraternização desta Câmara com o Colégio Pão dos Pobres, a ocorrer hoje, às vinte e duas horas. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib historiando sobre o trabalho realizado pelo Senhor José Camargo em prol da sociedade gaúcha, procedeu à leitura de matéria, de sua autoria, publicada no Jornal Zero Hora do dia oito de junho do corrente, intitulada "A ética dos nanicos", e teceu comentários acerca da opinião externada pelo Senhor José Camargo quanto à postura de políticos atuais frente à sociedade brasileira. O Vereador Antonio Hohlfeldt manifestou sua preocupação acerca da polêmica criada em torno de discussão de horário de trabalho a ser cumprido por jornalistas funcionários do Estado/RS. Ainda, afirmou ter ocorrido dispensa de licitação e desvios de funções em contratos efetuados pela Secretaria Municipal da Cultura. O Vereador Isaac Ainhorn referiu-se ao pronunciamento do Vereador Antonio Hohlfeldt, quanto a contratações de serviços efetuadas pela Secretaria Municipal de Cultura. Também, comentou a revogação de medida liminar que suspendia a execução do Orçamento Participativo no Estado/RS, questionando os posicionamentos sobre o assunto assumidos pelo Vice-Governador e pelo Chefe da Casa Civil do Estado. O Vereador Fernando Záchia teceu considerações sobre o teor de correspondência enviada ao seu gabinete pela Assessoria Econômica da Bancada do PT, criticando o autor desse documento, por posturas assumidas quanto à atuação da classe política frente às questões que envolvem os governos municipal e estadual. O Vereador Guilherme Barbosa desculpou-se com o Vereador Fernando Záchia, afirmando que as posturas do autor da correspondência lida por Sua Excelência não representam a Bancada do PT. Também, suspender a execução do Orçamento Participativo no Estado, elogiando a atuação do Desembargador Cacildo de Andrade Xavier a respeito do assunto. Na oportunidade, o Senhor Presidente solicitou aos Senhores Vereadores que subscrevessem nota a ser remetida à imprensa, esclarecendo notícias divulgadas quanto a aumento do número de Vereadores neste Legislativo, tendo os Vereadores Pedro Américo Leal, Antonio Hohlfeldt e Cláudio Sebenelo manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol manifestou-se contrariamente a aspectos da implantação do Orçamento Participativo no Estado, declarando sua concordância com a busca de medidas que impeçam tal implantação e criticando a linha política seguida pelo Partido dos Trabalhadores à frente dos Executivos Municipal e Estadual. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Tenente Jair, Assessor Parlamentar do Comando Militar do Sul . A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Luiz Braz, adendado pelos Vereadores Guilherme Barbosa e Isaac Ainhorn, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos quanto ao encaminhamento a ser dado à votação do Projeto de Resolução nº 32/97 e quanto à ordem de votação dos Requerimentos encaminhados à Mesa, face Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores Luiz Braz e Renato Guimarães, respectivamente. Após, o Vereador Reginaldo Pujol formulou Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando especificações no pregão das Emendas apostas ao Projeto de Resolução nº 32/97. Em Votação, foi votada destacadamente e aprovada a Emenda nº 01 ao Projeto de Resolução nº 32/97, após ter sido encaminhada à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Pedro Américo Leal, Luiz Braz e Renato Guimarães. Após, o Vereador João Dib manifestou-se, através de Questão de Ordem, acerca do teor da Emenda nº 06 ao Projeto de Resolução nº 32/97, tendo o Vereador Reginaldo Pujol formulado Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a leitura da Subemenda aposta a esta Emenda. Na oportunidade, o Vereador Isaac Ainhorn, através de Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitou que o Presidente da CUTHAB contatasse com o Gabinete do Prefeito Municipal e com o Departamento Municipal de Esgotos Pluviais na busca de informações a respeito de notícias de alagamentos em bairros de Porto Alegre, tendo os Vereadores Cláudio Sebenelo e Antônio Losada, através de Questão de Ordem, manifestado-se a respeito, e tendo o Vereador Pedro Américo Leal formulado Requerimento verbal, solicitando a suspensão da presente Sessão para que este Legislativo possa intervir no referente às informações relatadas pelo Vereador Isaac Ainhorn . Às dezessete horas e quarenta e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezessete horas e quarenta e cinco minutos, constatada a existência de "quorum". Em continuidade, o Senhor Presidente prestou informações aos Senhores Vereadores sobre as disposições regimentais alusivas ao encerramento de Sessões Plenárias antes do horário regimental, tendo o Vereador Guilherme Barbosa manifestado-se a respeito, através de Questão de Ordem. A seguir, o Vereador João Dib formulou Requerimento verbal, solicitando o encerramento da presente Sessão, nos termos do artigo 144, III, do Regimento, Requerimento este que, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, João Dib, Cláudio Sebenelo e Guilherme Barbosa, deixou de ser votado face a inexistência de "quorum". Na ocasião, o Vereador Antônio Losada manifestou-se acerca dos pronunciamentos dos Senhores Vereadores, de encaminhamento à votação deste Requerimento do Vereador João Dib. Também, os trabalhos estiveram suspensos, nos termos regimentais, das dezoito horas e quatro minutos às dezoito horas e cinco minutos. Após, foi votada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, tendo recebido sete votos SIM e dois votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Guilherme Barbosa, solicitação esta posteriormente retirada pelo Autor, sendo efetuada nova solicitação pelo Vereador Gilberto Batista, tendo votado Sim os Vereadores Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Paulo Brum, Não os Vereadores Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol, votação esta considerada nula face a inexistência de "quorum". Às dezoito horas e dezenove minutos, face a inexistência de "quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Eliseu Sabino e secretariados pelos Vereadores Isaac Ainhorn e Eliseu Sabino. Do que eu, Isaac Ainhorn, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Com a palavra a Sra. Neli Ferrasa, representando o Centro Comunitário Orfanotrófio I, que vai dividir o seu tempo com a apresentação artística que vai ser realizada.

 

A SRA. NELI FERRASA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais pessoas presentes. Boa-tarde a todos. É com imenso prazer que estamos aqui, para contar a nossa história, uma história de luta e que edifica o trabalho comunitário.

Em 1978, quando a Vila era muito pequena ainda, sofremos a primeira ameaça de despejo. A comunidade se mobilizou nesta época e passamos a participar da União de Vilas que aglutina todas as vilas da Grande Cruzeiro. Dali para a frente a nossa meta era a conquista da terra que, hoje, já temos. A nossa grande luta e conquista foi o usucapião da nossa terra, já temos as escrituras e estamos com a nossa terra totalmente legalizada.

Dali para a frente nos demos conta que a Vila era muito pobre, que as mães não podiam trabalhar, então nos reunimos num grupo de pessoas e fundamos a primeira creche. A creche atendia a vinte crianças, num espaço de três metros e meio por quatro metros. Era uma creche muito pequena, mas ali ficavam as primeiras crianças, para que suas mães pudessem sair para trabalhar e ajudar no sustento da casa.

Hoje, a nossa creche tem cinco salas para crianças de zero a seis anos; um Serviço de Apoio Sócio-Educativo (SASE), que atende 80 crianças de sete a quatorze anos em dois turnos; e mais o trabalho educativo, a padaria, que atende a quinze adolescentes pela manhã, e quinze à tarde, no ano passado formamos quarenta e cinco adolescentes.

Então, também desenvolvemos um trabalho de geração de renda, onde o próprio adolescente aprende no curso e logo após começa a trabalhar, gerando renda.

Outra conquista muito grande da Vila Orfanotrófio I foi a fundação da Cooperativa COOTRAVIPA, que nasceu e cresceu dentro do Centro Comunitário da Vila Orfanotrófio I, hoje já emancipada, com dois mil e duzentos cooperativados; dois mil associados que trabalham dentro de Porto Alegre.

Uma grande luta, e uma das metas da nossa creche foi o ensino pedagógico. Hoje trabalhamos com um ensino muito bom, com uma pedagoga, com assistente social, uma coordenadora e dezessete funcionários que desenvolvem as características da criança dentro da creche. A nossa principal meta é o Estatuto da Criança e do Adolescente, onde está-se tentando ampliar os conhecimentos das crianças e dar a elas uma formação de cidadania, para que com o passar do tempo elas possam ser grandes cidadãos da nossa Cidade.

Temos dois grupos de danças: um de CTG, cultuando a cultura tradicionalista, que se apresenta em vários pontos da Cidade e fora dela, e também um grupo de danças afro, que hoje se apresentará aqui, mostrando alguma coisa do nosso trabalho.

Trabalhamos, também, com desenvolvimento dos funcionários, para que cada um de nossos funcionários tenha preparação, fazendo cursos de formação. Dentro desse trabalho há a participação da União de Vilas, do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, do Fórum de Entidades e fazemos parte de todos os outros conselhos que há na Cidade, tentando sempre ampliar o crescimento da nossa entidade.

Hoje dá para dizer-se que trabalhamos com grande conhecimento, e que a nossa entidade veio desenvolver um trabalho muito bom dentro da Região da Grande Cruzeiro.

Podemos, agora, chamar o grupo de danças afro.

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos agora, dentro do período de Tribuna Popular, o Grupo Afro do Centro Comunitário Orfanatrófio I para fazer a apresentação da dança.

 

(É apresentada a dança.)

 

Saudamos aqui o grupo Afro do Centro Comunitário Orfanatrófio I, às meninas que participaram desta belíssima apresentação, bem como às mães e às pessoas que organizam esta apresentação.

Com a palavra a Sra. Neli Ferrasa, Presidente do Centro Comunitário, para fazer a finalização da intervenção da entidade neste espaço de Tribuna Popular.

 

A SRA. NELI FERRASA: Das conquistas da nossa vila, também ressaltamos a nossa Vera. Sonia Saraí, como moradora da nossa vila, e hoje ocupando uma das cadeiras da Câmara de Vereadores, o que para nós é um orgulho muito grande e uma vitória ter chegado até aqui.

Também gostaria de dizer que a população da nossa vila é carente, de extrema necessidade, e que por família abrange de quatro a seis filhos. Tendo quatrocentos e noventa e cinco famílias, hoje já em condições bem melhores, porque já passamos àquela fase, onde nós mesmos fizemos a rede de água, construímos a rede de esgoto. Fomos a primeira vila onde não foi preciso a ida de nenhuma secretaria para abrirem os acessos. Nós, os moradores, em parceria com o DEMHAB, abrimos os acessos e formamos as ruas. Removemos as casas que estavam no meio da rua para a Grande Cruzeiro, lá no Ipê Barracão, e hoje as nossas ruas são totalmente abertas. Tudo isso para nós são conquistas e vitórias.

Acreditando no desenvolvimento da criança é que temos esses dois grupos. Um, dança gaúcha, cultuando a nossa cultura gaúcha, e outro, dança afro. Porque, se eles desenvolvem um trabalho de cidadania, eles têm direito a escolha do que querem fazer, para que no futuro não sejam objetos que não saibam desenvolver o seu próprio trabalho, as suas raízes.

Temos um orgulho muito grande de ser moradores da Orafanatrófio I e de todos os nossos trabalhos.

As crianças passarão a todos um folderzinho da nossa história, um resumo da história. E gostaríamos de dizer que estamos abertos para receber a visita de todos. Hoje atendemos a oitenta crianças no extraclasse, noventa e sete na creche, com convênio com a SMED para oitenta crianças, convênio esse conquistado em 1993 junto com o grande movimento da Micro-5, onde participamos do início ao fim do movimento, porque acreditamos que só vamos formar cidadãos, quando nós desenvolvermos a nossa cidadania. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Sra. Neli Ferrasa para fazer parte da Mesa Diretora. Consultamos se as Lideranças desejam fazer alguma manifestação a respeito do tema abordado na Tribuna Popular. Vereadora Sonia Saraí, saliento que a intervenção, neste momento, precisa ser em Comunicação de Líder, e não existe a possibilidade de registro, a não ser em forma de Requerimento.

 

A SRA. SONIA SARAÍ (Requerimento): Sr. Presidente, eu faço um registro, que importante é fundamental: a Presidente da Vila Orfanatrófio I também é Vice-Presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Porto Alegre. Solicito as cópias taquigráficas de sua intervenção na Tribuna Popular para serem repassadas a todos os Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador José Valdir, eu já esclareci ao Plenário que, neste momento, não existe a possibilidade de intervenção, somente em Comunicação de Líder. Eu solicitaria a compreensão dos Srs. Vereadores para que isso fosse obedecido, pois não podemos passar por cima do nosso Regimento.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, como na sexta-feira e sábado teremos um evento da maior importância na Casa, que é um seminário que toca diretamente a questão da globalização e cultura regional, e como a oradora falou que há um grupo de crianças que participa na questão do tradicionalismo, eu requeiro que a Mesa encaminhe um convite para que a entidade, se possível, se faça presente no nosso seminário.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido o seu Requerimento, Ver. José Valdir, nós encaminharemos o convite.

Esta Casa sentiu-se honrada com a participação de uma entidade de organização do movimento popular, que é o Centro Comunitário Orfanatrófio I. Agradecemos a presença da comunidade, do Centro Comunitário, da sua Presidente, que foi a oradora. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se a Sessão às 14h30min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h 31min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna para manifestar a minha preocupação com a Administração do Município e também do Rio Grande do Sul. Ambos, o PT na sua direção. Dois casos semelhantes chamaram a atenção de todos aqueles que amam a democracia. Aqui, por exemplo, na nossa Câmara Municipal, há pouco tempo, quando tivemos problemas com o auxílio-creche, tivemos uma proposição dos Vereadores petistas que queria punir aqueles funcionários que levantaram o problema relacionado ao auxílio-creche. Os funcionários que cometeram as faltas eram chamados de “coitadinhos”, “eles foram iludidos, ludibriados”. Foram feitas as averiguações e o que se concluiu é que os funcionários da Casa agiram corretamente, e os funcionários chamados de “coitadinhos”, esses, na verdade, de acordo com o levantamento dos sindicantes, eles estavam realmente faltando com a Administração. Naquela oportunidade se pedia a punição dos funcionários que levantaram os problemas. Agora, o problema dos “azuizinhos”.

Vejam bem, com relação aos “azuizinhos”, o que acontece no momento em que alguns dos funcionários ligados à Administração Pública Municipal chamam a atenção para falhas que ocorrem no terreno da fiscalização, dizendo que o PT faz uma indústria de multas dentro do Município de Porto Alegre. Eles são obrigados a multar, porque têm de oferecer produção, senão, lhes é chamada a atenção. No momento em que eles fazem essa denúncia, o que acontece? Em vez de ser verificado os que faltaram e realmente feriram o direito dos cidadãos para serem punidos, não, são punidos exatamente os funcionários que tiveram a coragem de denunciar a corrupção existente, ou, pelo menos, a improbidade administrativa existente naquele instante. Foram punidos com afastamento ou suspensão de 29 dias, os inocentes! Aqueles funcionários que tiveram a coragem de denunciar, novamente essas pessoas é que foram punidos com severidade. Ver. João Carlos Nedel, qual é o funcionário, agora, que terá a coragem de falar sobre um desmando? Qual é o funcionário que terá a coragem de vir a público denunciar qualquer ato de corrupção dentro dessa Administração? Nenhum, porque todos aqueles que ousam fazer isso são punidos com severidade.

Felizmente, a Administração da Câmara Municipal não permitiu, num primeiro caso, que os funcionários da Câmara fossem afastados, mas foi pedido o afastamento deles.

E agora, para completar esse quadro todo, no momento em que o Poder Judiciário ousa, de uma forma independente, de uma forma a respeitar os princípios democráticos, dizer que a Administração Pública Estadual estava desrespeitando a Legislação, no caso do Orçamento Participativo, vêm os próceres petistas, novamente, dizer que aqueles juízes, aqueles membros do Judiciário que ousaram falar alguma coisa contrária à orientação do PT, deslustram o passado da Magistratura do Rio Grande do Sul. Fica muito difícil entender esses que sempre julgam ser os donos da verdade e que não querem jamais que discutam suas decisões. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia solicita licença para tratamento de interesses particulares, por motivo de viagem ao interior, no dia 09 do corrente.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Carlos Alberto Garcia e dada posse ao Suplente, conforme consta da Ata.)

 

Passamos à

 

PAUTA ESPECIAL

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR - (até 06 oradores/10 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1837/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/99, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para 2000 e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: Hoje, iniciamos o debate do Projeto de Lei do Executivo nº 009/99, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o ano 2000 e dá outras providências.

Chamamos a atenção dos Srs. Vereadores para que, na apreciação das diretrizes orçamentárias para o ano 2000, já estamos adaptados à redação da Resolução aprovada na semana que passou, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que altera as inscrições no sentido de termos a inscrição de seis Vereadores fazendo sua intervenção pelo tempo de dez minutos cada um.

Essa Resolução está publicada no Diário Oficial do Município, na data de hoje. Portanto, vamos cumpri-la a partir de agora.

O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje é um dos dias importantes para os legisladores municipais. Começamos a discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias para que, no próximo ano, no último ano do século, Porto Alegre tenha um orçamento à altura de suas necessidades.

Desde logo, algumas coisas me chamam a atenção, algumas coisas que discutimos muito aqui, como, por exemplo, se o dinheiro proveniente do Sistema Único de Saúde, é receita corrente ou não. O art. 12 da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias, assinado por S. Exa., o Sr. Prefeito, diz: (Lê.) “Na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária da Administração Direta, as despesas com o Legislativo não excederão a 3,5% das receitas correntes, excluído o SUS”. Se o SUS não fosse receita corrente, não precisaria ser excluído. Portanto, aquela afirmação que o Tribunal de Contas faz, de que o dinheiro do SUS, os duzentos e sessenta milhões de reais que, anualmente, aportam a Porto Alegre, se constitui em receita e despesa corrente. Mas a Administração Prefeitoral, como é dona da lei e da verdade, diz que não; só que, para não haver dúvidas, ela excetua.

Fiz uma série de Emendas, vou analisar hoje uma delas: a Emenda que foi incluída na Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano passado e que não foi colocada em prática. A Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano passado dizia, em seu art. 16, inc. V: (Lê.) “Estudar a implementação do Laboratório Farmacêutico de Porto Alegre - LAFAPA, para fornecer os medicamentos essenciais aos servidores municipais e à população em geral.” É a Lei de Diretrizes Orçamentárias e não foi implementada pela Prefeitura Municipal.

Nós sabemos das dificuldades que os postos de saúde sofrem para que a população carente seja atendida com os remédios que são essenciais à sobrevivência e à recuperação da saúde de cada um. Nós sabemos que os servidores municipais, quando buscam os ambulatórios que o Município detém em diversas secretarias, pedem aos médicos que não receitem, porque não têm dinheiro para comprar os remédios.

Nós ouvimos, desta tribuna, a preocupação de um Vereador - e de vários Vereadores - com o custo crescente dos medicamentos, muito acima da inflação. Nós sabemos que o laboratório do Estado o LAFERGS, se não está desativado, tem a sua atividade muito diminuída, não atendendo populações carentes que necessitam de remédios, por isso nós estamos repetindo este ano uma Emenda para que seja incluído no art. 12, do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, o inc. IV, que visa instituir, na área da saúde, o Laboratório Farmacêutico de Porto Alegre - LAFAPA, para fornecer os medicamentos essenciais aos servidores municipais e à comunidade carente.

Eu não estou inventando nada. O jornal Zero Hora de sábado, no caderno “Vida”, traz vários títulos. Vou apenas ler alguns: “As farmácias de manipulação são uma opção para diminuir os custos dos medicamentos.” “Mandar fazer os produtos pode representar uma economia de 50%.”; “Prefeituras do interior estão investindo nessa tecnologia para gastar menos e atender à população carente.”; “Remédios feitos em farmácias de manipulação podem ser uma saída para driblar o alto custo dos similares produzidos por laboratórios em escala industrial”; “Quase todos os remédios podem ser produzidos, desde que uma farmácia tenha a tecnologia adequada”; “Farmácia pioneira amplia atendimento”; “São Gabriel, Rosário do Sul, Cacequi e Vila Nova do Sul fabricam juntos quinze tipos de remédios - quatro cidades se uniram para que se tivesse preço mais baixo.”; “As pessoas que utilizam as farmácias de manipulação contam que conseguem reduzir pela metade, ou até mais, os gastos com remédios a cada mês.” Mas o Município de Porto Alegre parece não ter essa preocupação, porque no Município de Porto Alegre sobra muito dinheiro. No ano passado sobraram, nos cofres do Município, vinte e quatro milhões e meio de reais, que não foram utilizados nem para comprar os remédios para os servidores municipais, muito menos para a população carente.

E esta Casa, que neste momento vota a Lei de Diretrizes Orçamentárias, precisa ter as armas necessárias para acompanhar, depois, a execução orçamentária. E no ano passado estiveram aqui Prefeito, Vice-Prefeito, Diretor-Presidente da PROCEMPA e prometeram acesso aos Vereadores para a execução orçamentária. O Dr. Arno Augustin - Secretário, à época, e depois escolhido para ser Secretário da Administração Olívio Dutra no Governo do Estado - todos os dias queria saber do fluxo de caixa do Governo do Estado depois que o Dr. Olívio Dutra foi eleito.

O jornal Correio do Povo de hoje traz uma notícia: “Deputados perdem acesso. Vários assessores de deputados estaduais se surpreenderam ontem com a suspensão do acesso às informações da Secretaria da Fazenda, que obtinham através dos terminais de computador nos gabinetes, instalados em maio de 1995. Permitiam, aos parlamentares, acompanhar receita, despesa, empenhos, andamento da dívida e mais alguns dados do sistema administrativo e financeiro. Pela Lei Complementar de 29 de dezembro de 1998, a conferência ficou garantida, via processamento em tempo real da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado, no Senado e na Câmara dos Deputados, esse tipo de acompanhamento das contas do Governo Federal é um dos mais fortes instrumentos da Bancada do Partido dos Trabalhadores. Por aqui fechou tudo.

E como eu dizia, não é possível que se faça o acompanhamento da execução orçamentária com os parcos dados fornecidos no balancete mensal; para que nós tenhamos um bom acompanhamento, é preciso que haja acesso à informação. E estou dizendo isto, porque talvez, de repente, o Vereador pode colocar mais explicitamente o que está escrito na Lei Orgânica, porque as informações são obrigatórias de parte da Prefeitura, e a Prefeitura nega, mas, quando o Secretário Augustin, que foi Secretário da Fazenda do Município, ia assumir a Secretaria da Fazenda no Estado, ele queria o fluxo de caixa. Eu também quero o fluxo de caixa. Talvez um dos meus colegas faça uma Emenda, já que eu fiz quase que uma dezena de Emendas, e hoje, comentei apenas a primeira delas, que é a Instituição do Laboratório Farmacêutico Porto Alegre, coisa que eu venho trazendo a esta tribuna há vários anos e tenho experiência bastante para dizer que a Central de Medicamentos à época em que eu fui Prefeito, socorreu o Pronto Socorro. Numa operação “Socorro ao Pronto Socorro”, nós recebemos milhares e milhares de produtos. Os ambulatórios do Município também receberam do LAFERGS e agora que o LAFERGS diminuiu a sua produção, talvez o Prefeito se sensibilize e ponha em prática o que ele aprovou na Lei do ano passado e que está sendo proposto novamente este ano. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra, para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras. Para abrir a nossa reflexão e avaliação acerca desse Projeto de Lei oriundo do Executivo Municipal que trata da Lei de Diretrizes Orçamentárias, chama-nos de plano a atenção o artigo 3º. O Projeto é rico em detalhes e em contribuições, mas, particularmente, chama-me a atenção o artigo 3º, no qual o Executivo assegura que a sociedade civil contribuiu sobremaneira para a elaboração desse Projeto. Para esclarecer sobre o que quer dizer com sociedade civil, mais especificamente, nós temos que buscar socorro no art. 11, parágrafo 1º, onde o Executivo assegura que, em função da consulta à sociedade civil, através do Orçamento Participativo, conforme essa colocação, nos esclarece a partir de que critério, de que respaldo se valeu o Executivo para definir os temas e as diretrizes com relação à Lei pertinente, sobre a qual nós estamos tecendo os nossos comentários.

A participação do Orçamento assegura, a nosso juízo, um valor popular indubitável a essa proposta. Os Srs. Vereadores, não todos, evidente, apenas alguns, podem ter dúvidas sobre a significação da contribuição do Orçamento Participativo. Eu respeito, até, que tenham dúvidas, porque sei que não conhecem o Orçamento Participativo, porque, se conhecessem, não teriam dúvidas: saberiam que ali justamente está o ancoradouro das aspirações, das reivindicações, das angústias das vilas e dos bairros populares de Porto Alegre. Eu acredito que o Ver. Pedro Américo Leal, que pede um aparte, também não tenha dúvida.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Absolutamente, eu tenho a impressão de que todos estamos enganados aqui. O Orçamento Participativo é do Executivo, não podemos nos envolver com ele, deixemos que fique com o Executivo. Não podemos cogitar disto. Para influir no Projeto do Ver. Isaac Ainhorn pretendo apresentar uma Emenda tirando a Câmara Municipal de toda ingerência no Orçamento Participativo. Não temos nada a ver com isso. É uma invenção do Executivo, pois que fique com o Executivo. Isto é normal, é do povo, mas que não se inventem modas contra o Poder Legislativo. Não temos que envolver o Poder Legislativo. A grande manobra, o plano diabólico é que se pretende envolver o Poder Legislativo. É contra isto que me insurjo.

 

O SR. CYRO MARTINI: O termo “diabólico” que V. Exa. usa freqüentemente se acha justamente no fato de o PT ter encontrado o ninho exato das reivindicações e angústias populares, através do Orçamento Participativo.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Eu estava acompanhando o assunto e há poucos minutos, a liminar foi concedida, favorável ao Executivo. V. Exa. sabia?

 

O SR. CYRO MARTINI: Não, não sabia.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: Pois o Desembargador Cacildo acabou de conceder uma liminar. Tenho minhas dúvidas, porque isto é uma invasão sobre os municípios do Rio Grande.

 

O SR. CYRO MARTINI: Afora o aspecto do termo “diabólico”, V. Exa. há de concordar que o Orçamento Participativo é o critério através do qual o Executivo traz os elementos para definir a sua Lei de Diretrizes Orçamentárias, a sua Lei de Meios, as suas propostas, e também o seu Plano de Obras. Veja V. Exa. que se o Vereador não tiver má vontade com o Orçamento Participativo, ele vai ler como V. Exa. leu, de que não está dispensada a Câmara; pelo contrário, está plenamente respeitada.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. não pode dizer isto. O Vereador não pode mais dar sugestões ao Executivo. Não pode apresentar pretensões. Aí é que está o plano diabólico!

 

O SR. CYRO MARTINI: Então eu acho que V. Exa. não leu este Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Se V. Exa. ler, vai ver que a contribuição da Câmara de Vereadores é de extrema importância e só ela pode alterar.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. me explique: onde está a influência de um Vereador, perante a potestade do Município, de influir através de sugestões? Ninguém mais faz sugestões.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, eu entendo que esse nosso diálogo, no que diz respeito aos senhores ouvintes, àqueles que assistem ao Canal da TV Câmara, fez com que tivessem a oportunidade de melhorar os seus conhecimentos acerca do processo utilizado pelo Executivo Municipal para elaborar a sua Lei Orçamentária e saber de um modo melhor do que se trata o Orçamento Participativo, para aqueles que ainda não o conhecem.

Então, o Orçamento Participativo é um critério, é uma coisa muito simples, utilizada pelo Executivo para definir tudo aquilo que diz respeito a orçamento e obras no plano do Executivo Municipal. A partir daí, nós não podemos discordar e querer engessá-lo através de uma regulamentação nascida de lei, me parece não ser a melhor iniciativa, a melhor idéia. É o que eu entendo. Conheço o processo desde o início, em 1989, especialmente no que diz respeito ao Conselho Popular do Partenon, e não vejo condições para que se o engesse, para que se o enrijeça, para que se tire a flexibilidade, a agilidade natural e a espontaneidade que deve observar o Orçamento Participativo. Esse é um detalhe que chama, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, sobremodo a atenção na elaboração desta Lei Orçamentária. Eu espero que no Governo do Estado, o Governo do Governador Olívio Dutra tenha, também, como teve no Município, o Governo do Olívio Dutra, do Tarso Genro, e agora do Raul Pont a oportunidade de contar sobremodo com a colaboração popular. Quando a gente diz popular, queremos falar daquelas pessoas que constituem o povo mais necessitado, mais carente. Aqueles que conhecem as vilas populares, os bairros populares de Porto Alegre - Eu não sei se todos os Vereadores conhecem, eu acredito que conheçam, não é Sr. Presidente? - sabem que a São José, a Bom Jesus, as vilas populares, como a Vila Pinto, a Vila Esmeralda, o Morro da Cruz, hoje, têm canalização pluvial. Sequer pensaram alguma vez na vida nisso, e, hoje, têm. A São José, que lutava há anos, hoje está praticamente toda pavimentada, toda ela canalizada.

Sr. Presidente, me chama atenção a segurança, que ainda é o problema. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, em primeiro lugar quero parabenizá-lo, Ver. Juarez Pinheiro, por estar assumindo nestes dias, interinamente, a Presidência desta Casa e cumprimentar todos os presentes.

Quero dizer que a LDO tem sua estrutura, sua fundamentação, na vontade popular. Com isto, eu quero, com muita alegria e com muita justiça, comunicar oficialmente - e até porque estamos falando em Orçamento Participativo - a notícia de que a liminar que estava implantada contra o Orçamento Participativo do Estado foi cassada. E é bem verdade que a nossa LDO poderia até ter avançado muito mais, poderíamos ter feito muito mais coisas pela nossa Cidade, pelos nossos cidadãos, pelas nossas cidadãs. Mas, infelizmente, perdemos muito com a questão do FEF, com a Lei Kandir, e outros tantos recursos federais que nos foram cortados. Como nós acreditamos na Justiça, e que todo o cidadão e cidadã têm direito a usufruir das coisas, não apenas mínimas, mas daquelas que são necessárias para o seu bem-estar, sabemos que a Justiça sempre reina quando realmente é séria como no nosso Estado.

E querer aprovar a LDO do nosso Município, discutindo nesta Casa com os nossos companheiros, nossas companheiras, significa, a exemplo da área da saúde, nós darmos continuidade ao Programa de Saúde da Família. E vejam bem, Sras. e Srs. Vereadores, que essa questão dos PSFs não é apenas uma questão de medicina curativa, mas preventiva, pois vai cadastrar, nas áreas carentes, todas as famílias da comunidade, possibilitando conhecer o seu histórico desde o nascimento. Prevenir e antecipar significa menor preocupação, a curto, médio e longo prazo, com as pessoas que estão morrendo nas filas, em busca de assistência. Porque se prevenirmos a saúde, se tivermos um histórico da vida das pessoas, nós também podemos ter muito mais saúde. É isso que significa o PSF. Por isso, eu acredito profundamente na sensibilidade desta Casa, como na questão da educação.

O aprofundamento democrático popular, radicalmente transformador; no espaço pedagógico alternativo; na implementação da gestão democrática e participativa em todas as instâncias do ensino, onde todo o cidadão tenha o mesmo status. Porque todos nós nascemos sábios e, infelizmente, num determinado patamar da vida, a grande maioria da população é ceifada na sua sabedoria natural. Portanto, expandirmos o atendimento aos jovens e adultos nas escolas, significa resgatarmos, neste momento, aquilo que deveria ser natural: que todas as pessoas soubessem ler e escrever. Quando falo em radicalmente participativo, significa que as pessoas têm que ter acesso a todo o tipo de informação. Nada é neutro, tudo é informação, seja de onde vier. Mas, se as pessoas têm acesso à educação, a todas as informações, estarão formando a sua opinião. Isso não é como a questão de uma proposta partidária; isso é muito mais. Nós estamos falando em filosofia, de propostas pedagógicas e é isso que nós temos que encarar. Esta Casa tem a responsabilidade de aprofundar essa democracia.

Na questão dos transportes, Ver. Pedro Américo Leal, nos países desenvolvidos, cada vez mais temos incentivos no transporte coletivo. Quando nós temos um incentivo, no nosso País, o incentivo é para o transporte individual. Isso não é ser contra quem tem carro, Vereador, que bom que todas as pessoas tenham, mas tenham para outras questões: que possam sair, passear. Agora, transporte coletivo é para todos. Na Europa e mesmo nos países da América, isso é muito incentivado. Nós temos que começar a incentivar mais, e se tivermos mais recursos e com a responsabilidade desta Casa, cada vez mais nós vamos ter também. Nós, que queremos ser colocados como países de primeiro mundo, pelo menos no pensamento e na vontade, temos que começar, num determinado momento, a colocar isso em prática.

A questão da assistência social. Aqui eu quero fazer um parêntese, porque é algo que cala muito fundo, e eu colocava no início que, infelizmente, a nossa LDO poderia ter ido muito mais longe, porque se nós colocarmos a assistência social no mesmo patamar das questões mais prioritárias da nossa vida, nós vamos ter cidadãos muito mais saudáveis, muito mais participativos. Nós estamos falando de seres humanos, quando falamos em seres humanos não pode haver distinção. Se esta vida é passageira, aqui não temos diferenças, por que então os recursos para assistência social não são prioridades no nosso País? Por que o corte de seis milhões só na assistência social?

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós não podemos ver o nosso povo - e nós também - como objeto, como se fosse mercadoria ou como bichos, que fossem viver como coisificados ou ver isso apenas de vez em quando, de quatro em quatro anos.

Esta Casa está num momento sagrado de poder realmente retomar, no seu conjunto, o seu papel prioritário de realmente valorizar e ter o intercâmbio com o Executivo mas, principalmente, com a população.

Vereadores e Vereadoras, conquistas nunca foram fáceis, sempre foram muito árduas, principalmente para os excluídos. Excluídos, aqui, não significa miserabilidade ou dizer que tem um Deus que fez um povo pobre. Ninguém é ingênuo para não saber que a população foi empobrecida, basta ver hoje a classe média como está. Imaginem aqueles que não têm nada. Tem muita gente que ainda diz que o pobre está acostumado com a pobreza. Mas que ser humano é esse que pode tratar dessa forma as questões públicas? Se nós somos Vereadores e Vereadoras sérias, nós temos, com certeza, uma responsabilidade. Aqui não é uma disputa ideológica, estamos tratando da vida da nossa Cidade. Aprovarmos a LDO, da forma que está, significa radicalizar a democracia para todos. Ou nós estamos aqui fazendo lobbies para alguns grupos e, na hora da eleição, estamos lá dizendo que somos populares. Isso é falso, temos que assumir a quem nós estamos servindo. Porque, caso contrário, não tem sentido estarmos nesta Casa, temos que ser sérios. Seriedade significa não usar a população. Sorrir, bater nas costas, de quatro em quatro anos, e depois, na hora de ter que aprovar aqui a LDO, que é para a comunidade, simplesmente não aprovar. Isso não é justo! Portanto, eu penso que está na hora de repensarmos isso. A demonstração do Poder Judiciário, hoje, ao ter nos dado o Orçamento Participativo, significa resgatarmos a legalidade da Justiça no nosso Estado e preservarmos as nossas instituições. Muito obrigada.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou retomar a discussão iniciada pelo Vereador Cyro Martini a respeito, especialmente, do art. 11 da LDO, que trata da questão da participação popular.

Esta Casa tem-se preocupado muito em tirar posições no sentido de regulamentar, o que é um cerceamento do Orçamento Participativo. Mas eu entendo que o Orçamento Participativo é daquelas marchas inexoráveis da história. Não há como deter o avanço da participação popular como elemento, talvez o mais importante, da reconstrução da democracia. É o mesmo que aconteceu com relação a outras questões, como, por exemplo, aquela que nós discutimos na outra sessão: a libertação dos escravos no século passado. Não havia como detê-la, não havia como segurar os velhos esquemas. Não havia como deter a participação da mulher, a conquista de seus direitos em meados deste século, assim como não se pode deter a conquista dos direitos das minorias, como a dos homossexuais. É o avanço, é a marcha da democracia. Ela tem que avançar ou, do contrário, ficará estagnada, não mais será democracia. O Orçamento Participativo também é um desses elementos inexoráveis; não há como deter a participação popular. Inclusive as câmaras de vereadores tiveram que se abrir para isso. Há pouco, nós tivemos, aqui na Câmara, a participação popular. Ela é, ainda, insuficiente, mas a maioria dos parlamentos, alguns inspirados na experiência de Porto Alegre, têm-se aberto a isso.

Acredito que homens de visão estão-se dando conta disso. Quem abre o Jornal do Comércio de segunda-feira se depara com uma entrevista do Presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, com quem eu tive a satisfação de conviver quando integrei o setor jovem do antigo MDB. Juntamente com André Foster, que participavam daqueles memoráveis debates no IEP, e Pedro Simon, quando era jovem, sem dúvida, uma figura de extraordinária visão política, que faz política com os olhos para o futuro. Vejam o que ele diz, perguntado sobre o Orçamento Participativo: “É uma nova postura no cenário gaúcho, que entendo como muito válida e importante. Quando quero municipalizar, ou seja, trazer o cidadão para ser o formulador e controlador dos recursos, não tenho como não defender o Orçamento Participativo da maneira mais ampla possível. Ele qualifica a gestão pública e obriga os chamados agentes políticos e comunitários a se envolverem nesta discussão. Entendo que o Brasil só terá solução quando o cidadão possa gerenciar a aplicação destes recursos. Vejo o Orçamento Participativo como um momento muito rico na discussão das comunidades. Lógico, é uma prática que vai demorar um pouco para ser implantada, pois não há esta cultura. Mas é um acontecimento que deve ser levado a sério e que vem em boa hora. O Orçamento Participativo ajuda o cidadão a se conscientizar que ele não serve só para votar e pagar impostos, mas também deve ajudar a administrar.” E mais adiante ele diz que participa do Orçamento Participativo e, quase em tom de critica, que o seu partido deveria participar mais do Orçamento Participativo se quiser fazer uma crítica realmente contundente e conseqüente. Ele deve apresentar uma alternativa, mas nunca se omitir da participação e acusar o PT de aparelhar o orçamento. Esse é um homem de visão, que faz política - nosso adversário político - com os olhos voltados para o futuro. E não como o Deputado Collares que faz política com os olhos voltados para o atraso. Se confirmada a notícia, felizmente os juízes esclarecidos já estão no processo de corrigir esse retrocesso que o Deputado Alceu de Deus Collares quer impor ao povo gaúcho.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que eu quero caracterizar é o fato de o Orçamento Participativo permanecer no Executivo, não avançar no Legislativo, não roubar do Legislativo a sua participação, porque eu me sinto lesado, não posso contribuir com o Executivo do meu Município, porque o Orçamento Participativo passou do âmbito do Executivo e veio bebericar no Legislativo. Não pode!

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Discordo de V. Exa., há muitas formas de o Vereador participar. Agora, o que não podemos é com este discurso de que o Legislativo está sendo cerceado, pois o orçamento que vem a esta Casa chega com muito mais legitimidade, não vem apenas com a legitimidade formal do Poder Executivo, porque constitucionalmente cabe ao Poder Executivo apresentar o orçamento, é claro que ele vem com uma outra legitimidade; e é essa que os Vereadores não aturam, não agüentam, pois vem com a legitimidade popular.

É claro que o orçamento que foi amplamente discutido com a comunidade, para ser mudado nesta Casa, os Vereadores terão que mudar, fazendo negociação, pois foi a população de Porto Alegre que discutiu o Orçamento.

Agora, evidente que é muito mais difícil legislar, quem pensa a tarefa do Vereador nos esquemas tradicionais, com o Orçamento Participativo se torna mais difícil legislar. Aliás, as vezes, as coisas são mais difíceis na democracia. Porque ele vai ter que ouvir a comunidade para apresentar uma Emenda, pois quem participou de várias e várias reuniões, elaborando o orçamento, vai querer, no mínimo, satisfação do porquê de o Vereador estar apresentando uma Emenda. É claro que muda o papel do Legislativo, mas muda para aperfeiçoar a democracia. É muito mais difícil, claro, legislar desta forma do que antes quando o Prefeito, na solidão do seu gabinete, consultava os tecnocratas.

Acho graça, aí, porque quando consultavam os tecnocratas, ninguém dizia nada. Ninguém critica os prefeitos que fazem o orçamento, apenas consultando a tecnocracia.

Agora, consultar S. Exa., o povo para fazer o orçamento vir a esta Casa com legitimidade popular, aí se cria esta gritaria toda. Porque será?

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. José Valdir, V. Exa. está discutindo a Lei das Diretrizes Orçamentárias, mas V. Exa., até agora, não falou nada sobre esse assunto, e eu acredito que este espaço seja dedicado a ele. V. Exa. só falou, até agora, sobre o Orçamento Participativo, e eu gostaria de ouvir a sua opinião sobre o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Eu gostaria de ouvir a sua opinião a respeito do Projeto.

 

O SR JOSÉ VALDIR: Ver. Luiz Braz, esse aparte, rigorosamente, foi um aparte inútil e desinformado, porque o que estou discutindo - e anunciei isso no meu pronunciamento - o art. 11, Parágrafo 1º. V. Exa. tem que ler antes de fazer um aparte, não interrompendo o meu discurso, que pode não ser brilhante, mas não pode ser interrompido por uma informação equivocada. V. Exa. leu o art. 11, Parágrafo 1º, sobre o qual falei no início do meu pronunciamento, que foi introduzido na discussão pelo Ver. Cyro Martini, e parece-me que conseguiu o intento, pois um dos pontos que eu ainda iria abordar era a excelência do nosso programa na questão da educação, o que V. Exa. não me permitiu. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo, agora, a Questão de Ordem ao Ver. Antonio Hohlfeldt. Informo a V. Exa. que durante as intervenções há um consenso desde a Mesa anterior para não interrompermos o orador.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, respeitosamente, eu desconheço que esse consenso esteja escrito no Regimento. Portanto, agradeço a Questão de Ordem, mas ela é desnecessária, a partir do momento em que ela não me foi concedida no momento oportuno.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu quero dizer que não é fácil traçar um limite no que tange à discussão da LDO, daquilo que é relativo à proposta orçamentária, às diretrizes orçamentárias e daquilo que não é. Como os Vereadores têm mesclado a gênese de como se forma tanto a LDO como a Lei Orçamentária, mas considerando o aparte feito pelo Ver. Luiz Braz, quero dizer a V. Exa. que já no outro debate aqui efetuado, foi tido o entendimento que este Presidente tem neste momento. A LDO, a Lei de Meios, é imantada por esse processo participativo. A ligação dos dispositivos, com essa análise da sua constituição, fica dentro do tema. Essa é a orientação.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Requerimento): Sr. Presidente, eu quero retirar uma palavra que eu usei, injustamente, com o Ver. Luiz Braz, chamei o seu aparte de inútil. Acho que foi demasiado, eu quero que sejam substituídas as palavras, aparte inútil, por aparte equivocado.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, quando comecei a analisar a LDO que nos chega, detive-me em uma área que entendo importante, que é a área de transporte. E comecei a ler os dois itens que dizem respeito a essa área de transporte e tive a preocupação de buscar a LDO do ano passado, para ver se aquelas diretrizes que foram-nos apresentadas no ano passado, quais as que atingiram o seu objetivo de, talvez, não ser necessária a sua continuação no próximo ano.

E para surpresa deste Vereador, as doze, e são somente doze neste ano, faziam parte do ano passado. No ano passado era um total de quatorze. Duas não constam nas deste ano, mas as doze são repetidas. Concluo aqui, que parecem a este Vereador coisas facilmente exeqüíveis no exercício.

Promover programas de educação de trânsito.

Tem-se falado nesta Casa em “azuizinhos”, se fala em pardais, em caetanos. E sempre nós dissemos: deveria ter sido feito, antes da aplicação desses equipamentos uma grande campanha informativa, uma campanha educativa para a população de Porto Alegre.

Por que o Ver. Fernando Záchia volta a falar nisso? Porque entende que coisas que nos chegam hoje, multas de trânsito e aqui são casos só da Av. Ipiranga, onde o limite da velocidade é 50 km/h. O cidadão proprietário de um gol foi autuado porque estava andando a 58 km/h. Avenida Ipiranga, limite 50 km/h - proprietário do Voyage, medição: 58 km/h. Avenida Ipiranga, limite 50 km/h - Sr. José Antônio estava a 58 km/h. Avenida Ipiranga - Sr. Pedro Marino estava a 58 km/h. Esse aqui estava um pouco mais, a 60 km/h. Outro estava a 58 km/h. Por que isso? Porque se tivesse sido feita uma campanha educativa e informativa para a população, talvez essas pessoas não estivessem sendo multadas.

Se olharmos mais adiante, nas metas das Diretrizes no que se refere a transporte, diz no seu item 4: “Desenvolvimento de ações coordenadas e programas com objetivo de melhoria da fluidez do tráfego na Cidade.” Na Avenida Ipiranga, Ver. Guilherme Barbosa, andar a 50 km/h, permitido naquele local, nas proximidades da PUC, tenho a convicção absoluta que não auxilia na fluidez do tráfego, pois se andarmos a 50 km/h vai fazer com que o tráfego, repentinamente, se torne mais lento, pois até então, naquela curva, onde está instalado o equipamento, é permitido andar a 50 km. Aqui eu não estou justificando o caso daqueles que andam a 70 ou 80 km. Não! Esses devem ser punidos, e não está aqui nesta discussão. Estou-me referindo às pessoas que, comprovadamente, através desses aparelhos, estão andando a 58 km, numa avenida em que três quartas partes é permitido andar a 60 km/h. Se a pessoa vem do Centro da Cidade, até as proximidades da entrada da PUC, em três quartas partes dessa Avenida é permitido andar a 60 km/h. A pessoa está ali, disciplinadamente, andando a 58 km/h, está dentro do que é permitido, em quase toda a extensão daquela Avenida. Quando ele chega naquela proximidade em que o motorista tem que olhar para a frente, se ele não estiver olhando para a esquerda, para a placa, onde diz 50 km/h, ele será um infrator. E essas pessoas que citei estavam andando a 58 km/h, no máximo, 60 km/h. Isso comprova que, se tivéssemos feito a grande campanha que nas Diretrizes do ano passado já era previsto e se estivéssemos cumprindo programas para a maior fluidez do trânsito, que também estava previsto, isso não estaria acontecendo.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Fernando Záchia, V. Exa. sabe que sou um apoiador da necessidade de que, no trânsito, tenhamos campanhas de educação para o trânsito tanto para o motorista quanto para o pedestre. Algumas campanhas foram feitas, sim, na Cidade. No caso dos equipamentos, inclusive, com muita divulgação nos meios de comunicações, foi dado um prazo sem que aquelas notificações resultassem em multas. Isso ocorreu, o que não impede que se continue. Posso informar a V. Exa. que há em preparação uma campanha forte, da nossa empresa, EPTC para o segundo semestre deste ano. Mas é importante que volte a estar na LDO para o ano 2000 a campanha. É um processo que deve ser feito ano a ano, porque novos motoristas se agregam ao nosso trânsito.

A questão da velocidade é muito complexa. Mesmo em uma avenida larga como a Ipiranga, 50 quilômetros é uma velocidade bastante alta. Não sou especialista, mas já ouvi especialista dizer que se mantivéssemos uma média dessa a Cidade estaria quase voando. É complicado abordar esse tema, porque ele precisa de muito estudo, e de especialistas. Muito obrigado.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Ver. Guilherme Barbosa, eu até entendo que essas campanhas devam ser permanentes, mas elas devem iniciar num momento. Se estava previsto na LDO, no ano passado, elas deveriam ter sido realizadas este ano, e não o foram. V. Exa. confunde-se quando fala nas grandes campanhas feitas por iniciativas federais sobre o lançamento do novo Código Nacional do Trânsito, ou por iniciativas de empresas privadas, empresas de grupos jornalísticos. O que estou falando são campanhas feitas pelo Poder Público Municipal. Essas não foram realizadas. Eu tenho convicção disso, muito claramente. Deve ser feita de uma maneira permanente, e deve ter um início.

Sobre a questão da velocidade, por favor, essas pessoas que o orientaram talvez não tenham andado pela Av. Ipiranga, porque não posso entender que boa parte da Av. Ipiranga, onde existe um movimento mais intenso, por exemplo, têm os Pardais na Esquina da Av. Ipiranga, esquina João Pessoa com a Av. Azenha, ali é permitido 60 quilômetros por hora. Onde tem uma extensão maior, sem semáforos, que é entre a Rua Prof. Cristiano Fischer e Rua Dr. Salvador França, ali, é permitido 50 quilômetros por hora. Para mim, isso é um contrasenso. Na parte mais trancada, na parte com congestionamento permanente são permitidos 60 quilômetros por hora, porque ninguém vai andar a 60 quilômetros por hora nos horários normais. Agora, naquela etapa da Av. Ipiranga onde poderia ser desenvolvida uma velocidade de até 60 quilômetros por hora, ali, demonstra claramente a fúria de arrecadar, porque se instala um equipamento e se impõe uma limitação de 50 km/h. As pessoas estão sendo multadas em 120 UFIRs por andarem em seus veículos a 58 km/h. Se V. Exa. pegar o seu automóvel e passar na Av. Ipiranga, a uma velocidade de 50 km/h, terá a certeza de que não atrapalhará e dará fluidez ao trânsito.

Continuando, dentro do assunto dos transportes, nos 12 itens que há na LDO deste ano, todos eles constavam na LDO do ano passado. Não vejo absolutamente progresso ou avanço algum. No item 10, diz o seguinte: “Ampliação do número de áreas delimitadas para estacionamento temporário pago nas vias de Porto Alegre”, conhecidas como Área Azul. A Área Azul tinha o objetivo muito claro de disciplinar e organizar o estacionamento no Centro da Cidade, estendendo-se, ao longo dos anos, para boa parte dos Bairros Moinhos de Vento e Menino Deus. Nós hoje, se necessitarmos estacionar no Bairro Moinhos de Vento - uma área, hoje, extremamente movimentada, com diversos consultórios médicos e dentários e lojas não se conseguirá, a não ser que se pague estacionamento em garagem particular ou em Área Azul. Já estamos estendendo esse procedimento em demasia para a Cidade de Porto Alegre. Parece muito fácil as pessoas terem que pagar para poder estacionar em um passeio ou via pública. Vou ter que pagar um real, não tendo garantia de cobertura de seguro, para estacionar em um local que é uma via pública?! Eu até entenderia que isso ocorresse no Centro da Cidade, para disciplinar o estacionamento, mas estender aos bairros residenciais? Ora, vamos criar outras iniciativas para que possamos disciplinar mais o estacionamento no Centro da Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Valdir): O Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir a Pauta Especial.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias do Executivo, comparativamente com o que foi apresentado no ano passado, muitos itens deixaram de ser cumpridos e renova-se a sua apresentação, no sentido de buscarmos esses objetivos. Portanto, algumas críticas feitas aqui são justas, mas temos que examinar o problema dos recursos de nossa Cidade. A sangria que o Governo Federal exerce sobre os municípios brasileiros dificulta o cumprimento de algumas diretrizes e de alguns pontos aqui apresentados. Mas queremos lembrar de uma experiência que vivemos, anterior ao Orçamento Participativo, a chamada experiência dos conselhos populares, que eram estimulados pelos governos anteriores à Administração Popular. Eram reuniões que ocorriam uma ou duas vezes por ano em nível palaciano, só com a presença daquelas lideranças muito distanciadas dos problemas das comunidades e das vilas, nas quais não havia continuidade e nem cobrança da presença dos Secretários e do Prefeito nos bairros. Não havia a habitualidade que passaram a ter a partir de 1989, quando, quase semanalmente, as secretarias dos nossos municípios, as assessorias técnicas do nosso Secretário estão em contato permanente com as comunidades no sentido de esclarecer, muitas vezes, o porquê da não-realização de uma obra, as dificuldades de recursos que impedem o cumprimento total daquela programação do Orçamento Participativo. A herança que recebemos dos governos anteriores a 1989 foi muito triste, de desarticulação das comunidades, sem possibilidade de exercer um poder capaz de resgatar, junto às prefeituras e às próprias câmaras de vereadores, o cumprimento de determinadas obras fundamentais para o desenvolvimento da nossa Cidade e para o bem-estar da nossa população. Nós, em 1989, iniciamos o Orçamento Participativo com muitas dificuldades e uma presença pequena das comunidades. Nas 16 regiões existentes, muitas vezes, em 1989, não reuníamos mais que cinqüenta, cem pessoas, entretanto, sempre procuramos estimular com as nossas forças, com os nossos recursos a participação mais ampla possível, não só da representação das entidades organizadas, mas, também, de toda a população de um modo geral, das vilas, das ruas, dos bairros, organizadas ou não. A partir da cumulação desse trabalho, da acumulação da participação popular nessas 16 regiões, sem dúvida, na medida em que aumentou essa participação popular, aumentaram também as críticas ao Orçamento Participativo. Por que essas críticas não vingaram em um primeiro momento, nos primeiros dois anos? Porque a presença da população organizada era pouco significativa numericamente. Porém, esse processo começou a se transformar em uma força organizada, em uma alternativa concreta de conquistas para o movimento popular, através de um método transparente e democrático. As reuniões do Orçamento Participativo, nas 16 regiões da Cidade, ocorrem, quase semanalmente, para discutir e aprofundar, não só as demandas, não só as suas reivindicações imediatas, mas, também, discutir e aprofundar a questão dos recursos para o Município, a questão da relação do Município com o Governo do Estado, a relação do Município com o Governo Federal - Governo Federal esse que abocanha 57% dos impostos recolhidos pelo Município, tornando, sem dúvida, inviabilizáveis algumas obras tão necessárias ao Município. O Orçamento Participativo, na medida em que avança, começa a ter uma significativa participação das massas, começa a discutir temas como saúde, transporte coletivo, habitação popular, educação, urbanização da Cidade, naturalmente, começa a discutir a saída para esses principais problemas da população de Porto Alegre, começando, assim, a se apropriar dos caminhos que têm que ser percorridos para alcançar os recursos capazes de solucionar esses problemas gravíssimos da nossa comunidade.

Sobre os problemas do transporte coletivo, ainda ontem tivemos uma reunião com a ATP, com a Procuradoria do Município, diversos Vereadores desta Casa, além dos membros da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, onde tratamos da questão da indenização que os empresários reclamam por ocasião da intervenção do Poder Público Municipal no transporte coletivo. Nós estávamos discutindo sobre os dois Processos que tramitam, mas não examinamos como a Administração Popular recebeu o transporte coletivo no ano de 1989, em condições de precariedade: ônibus velhos, as vias de circulação em más condições.

Assim, nós buscamos hoje uma solução amigável para resolver esses problemas, mas a população é testemunha dos avanços que, a partir daquela intervenção, ocorreram. Portanto, as críticas que aqui se fizeram, de alguma forma, podem encontrar alguma razão. Mas, na questão das melhorias, do atendimento dos horários, nas condições de higiene, rapidez dos ônibus, sem dúvida nenhuma, os próprios corredores de transporte coletivo contribuíram muito para agilizar o transporte dos nossos trabalhadores.

Poderíamos aqui dissertar sobre tantos problemas como o da habitação, problema gravíssimo, problemas que não sabemos se efetivamente o Poder Público vai ter condições de resolver a curto prazo essa questão em nossa Cidade, em nosso Estado e em nosso País. A habitação sem dúvida tem um custo altíssimo e dificilmente o Poder Público, por si só, terá condições de atender às necessidades de habitação da nossa população. Temos que buscar formas cooperativas, formas onde a população participe de forma organizada, como o Orçamento Participativo, para encontrarmos soluções para esses gravíssimos problemas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Encerramos o período de Pauta Especial.

Passamos à

 

PAUTA

 

(05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1700/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 004/99, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que altera a redação do § 3º do art. 69 da Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de 1973, que institui e disciplina os tributos de competência do Município, especialmente alterada pela Lei Complementar nº 209, de 28 de dezembro de 1989, e dá outras providências. (altera percentual da multa referente débito para com a Fazenda Pública)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1570/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 051/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que dispõe sobre a colocação do nome do bairro nas placas indicativas de nomes dos logradouros e equipamentos públicos.

 

PROC. 1793/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, incluíndo § 2º no Art. 152 e renumerando o Parágrafo único para § 1º. (inscrição para discussão da Pauta)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3385/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 173/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que denomina Rua Arthur Mickelberg um logradouro público localizado no Bairro Vila Nova.

 

PROC. 1607/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia de Prevenção a Acidentes Toxicológicos no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1665/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 058/99, de autoria do Ver. Luiz Braz, que denomina Rua Odorico Fantinel um logradouro irregular localizado no Bairro Belém Novo.

 

PROC. 1687/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 062/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Praça Professor Cel. Jacintho Francisco Targa um logradouro público localizado no Bairro Partenon.

 

PROC. 1698/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 063/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que denomina Rua Professor Adil Müller Quites um logradouro público localizado no Bairro Cascata.

 

PROC. 1711/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que disciplina o uso de bicicletas nas praças e parques de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está no primeiro dia de Pauta o Projeto de autoria do Ver. Fernando Záchia que altera a redação do parágrafo 3º do Artigo 69 da Lei Complementar nº 7 de 07.12.1973. Devo dizer que esta Lei é o Código Tributário do Município, que institui e disciplina os tributos de competência do Município, especialmente alterada pela Lei Complementar nº 209, de 28.12.1989 e dá outras providências. Na verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que o Prefeito deveria fazer era encaminhar a esta Casa o novo Código Tributário do Município. Eu nem vou criticar o Prefeito se manda ou não manda, mas é essencial que nós tivéssemos um Código Tributário consolidado, um Código Tributário que espelhasse a realidade atual da Constituição e da Lei Orgânica. Não fora a Associação dos Agentes Tributários do Município e nós não saberíamos o que acontece na Legislação Tributária do Município. Eles consolidam, eles anexam, divulgam, dão volumes que os Vereadores já receberam, e que, evidentemente, entidades ligadas à Fiscalização Municipal, a cobrança de tributos do Município devem ter cópias semelhantes. Eu vou ler o que diz aqui a Procuradoria da Casa em relação ao Projeto do Ver. Luiz Fernando Záchia: “É vedado ao Poder Legislativo a proposição de Projeto de Lei que diminua a receita do Município nos termos orgânicos, segundo Lopes Meirelles, receita é o conjunto de recursos financeiros que entram para os cofres públicos. Verifica-se, portanto, que a multa integra a Receita Municipal, não podendo ter valor diminuído por Projeto de Lei de iniciativa do Poder Legislativo”. Eu acho que está correta a colocação da Procuradoria da Casa, mas desde que o Executivo Municipal, que tem um forte vampirismo fiscal, não toma medida - o Vereador Guilherme Barbosa já se irritou porque eu falei em vampirismo fiscal - mas do que eu posso chamar alguém que numa inflação de 5% ao ano cobra 15% de multa, o que eu posso dizer? Vampirismo fiscal. O que eu posso dizer de um Prefeito que vem trazer as contas do ano anterior com superávit e pede para aumentar impostos? O que eu posso dizer, Ver. Guilherme Barbosa? V. Exa. tem o hábito, porque sabe que eu sou atencioso, de tentar, por gestos, me levar à irritação.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Dib, agradeço o aparte, o meu gesto foi apenas para dizer que não, numa discordância fraterna. Nós temos trabalhado, ao longo do tempo, na Cidade, através de todo o processo tributário, tentando fazer justiça para que quem ganha menos, pague menos, quem ganha mais, pague mais. Tanto é assim que é pequena a inadimplência no caso do IPTU, é grande o número de pessoas que paga logo no início do ano, à vista, com aquele importante desconto. Agradeço o aparte, dizendo que não há esse chamado vampirismo fiscal.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu continuo dizendo que o Município quer e quer cobrar mais e mais. Já conseguiram, numa manobra, aumentar 33% acima da inflação o IPTU e agora quer mais ainda. O vampirismo fiscal, eu vou repetir. Se o Brasil inteiro passou a cobrar as multas no valor de 2%, o que faz o Ver. Fernando Záchia, já que o Executivo não faz? Ele propõe que sejam 2% as multas e não 15%, porque, no Código Tributário da Lei Complementar nº 07, que foi feita para o cidadão poder contribuir para a Administração da Prefeitura e não para que sejam retirados todos os seus recursos. Quando se fez o IPTU, cobrava-se em 12 parcelas iguais, mensais e sucessivas, não havia correção monetária e a multa só no ano seguinte. Portanto, Sr. Presidente, insisto que há vampirismo fiscal e o Ver. Fernando Záchia está absolutamente correto, ainda que não seja legal. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na nossa Pauta, chama-me para o debate a proposta oferecida pelo Ver. Carlos Alberto Garcia, através da qual ele propõe que um logradouro localizado no Bairro Partenon, receba a denominação do Professor Coronel Jacintho Francisco Targa. Não conheci o Professor Targa. Sei que residia no Menino Deus, a partir de informações. Sei, pelas informações que me deram, tratar-se de um profissional dedicado à educação física - e me ajuda o Ver. João Bosco Vaz dizendo que foi fundador da Faculdade de Educação Física do IPA - um cidadão, sob todos os aspectos, digno do respeito e digno de receber homenagem por parte da Cidade. Discordo da proposta, no que concerne à localização da praça, e à ausência da concordância dos moradores para que se conceda tal nome à praça. A praça fica localizada no Jardim Sargento Geraldo Sant’Anna, também conhecido por Jardim Universitário, entre o Loteamento Ana de Carvalho, na Vila dos Sargentos, na fronteira entre o Partenon e a Agronomia.

Por que discordo? Já disse preliminarmente e repito: discordo por que não há no processo nada que diga, que informe, que os moradores daquela área estejam de acordo. É um loteamento praticamente fechado e os moradores serão surpreendidos por uma denominação para a qual eles não concorreram com nada, a não ser serem surpreendidos com um nome que, tenho certeza, a maioria não saberá dizer tratar-se de quem, porque Professor Targa certamente eles não sabem quem é. Mesmo que saibam acredito que vão continuar não concordando, porque eles não têm nada a ver com o Professor Targa. Se eu pensar, por exemplo, na Independência, na Carlos Gomes, no Moinhos e Vento e digo: vou chamar o Parcão de qualquer outro nome. O pessoal do Parcão e os que moram por ali vão dizer - não vai chamar, porque nós não queremos, nós não concordamos, nós não temos nada a ver com o cidadão para o qual tu queres que nós acatemos o nome para a homenagem. Lá no Partenon é a mesma coisa.

Um outro nome, que também surpreendeu a comunidade, foi o nome de uma figura ilustre dado pelo Ver. João Carlos Nedel, no Bairro São José. Também, de repente, um nome de uma pessoa absolutamente desconhecida na área. Eu insisto, por que não colocam estes nomes lá no Bairro Rio Branco, lá no Bairro Bom Fim. Por que tem que ser lá no Partenon e lá na São José? Por que lá qualquer coisa cabe?

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pelo aparte Ver. Cyro Martini. Eu conheci o Professor Targa, inclusive, foi Diretor da Escola Superior de Educação Física da URGES, é um nome que eu pessoalmente não tenho nada contra, muito pelo contrário, acho que ele merece muito uma homenagem. Mas a democratização deste tipo de homenagem tem que ser feita, não se pode impor o nome a uma comunidade que não tem relação com ele. Eu acredito que se o nome do Professor Targa fosse dado a um parque esportivo ou alguma coisa do tipo, com certeza seria muito bem aceito. Obrigado.

 

O SR. CYRO MARTINI: Muito nos honra o seu aparte Vereador.

Sr. Presidente quero que fique registrado que acredito, também, seja preocupação de V. Exa. e dos demais Vereadores, se não de todos, pelo menos da maioria, de que o nome do homenageado deve ter alguma relação com a área, a não ser um nome que se destaque na comunidade nacional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores este Projeto de minha autoria que entra na primeira Sessão da Pauta Preliminar, o Ver. João Dib com muita competência, com muita sabedoria se referia a ele, e vejam Srs. Vereadores, há dois anos, Ver. João Dib, também de minha autoria, foi apresentado nesta Casa um Projeto extremamente idêntico, que reduzia as multas de 15 para 2%, do ITBI – Imposto sobre Transição de Bens Imóveis -. Entendíamos, nós, Vereadores, naquele momento, que nesta nova situação econômica do Brasil, cobrar 15% de multa, quando temos uma Lei Federal de 1996 – Lei nº 9298, no seu artigo nº 92, Parágrafo Primeiro: “Que as multas de imóveis decorrentes de um inadimplemento de obrigação no seu tempo, não poderão ser superiores a 2% do valor das prestações.” Ora, temos uma Lei Federal que tenta disciplinar este abuso que alguns municípios, que alguns estados poderão estar exercendo. Esta Casa, Ver. Paulo Brum, há dois anos, aprovou a lei e o Sr. Prefeito sancionou, tanto é que vigora. Já sobre o ITBI, não se pode, sobre o recolhimento em atraso, calcular uma multa de 15 e sim, 2%, e, ela tinha o mesmo vício de origem, porque foi de iniciativa do Legislativo, mas, a Câmara compreendeu, o Sr. Prefeito compreendeu que extrapolava a questão da discussão jurídica, do vício de origem. Era importante que se fizesse esta correção e, aqui, se quer fazer.

O Ver. Guilherme Barbosa, num aparte ao Ver. João Dib, dizia que a inadimplência do IPTU não é tão significativa! Diz, Ver. Guilherme Barbosa, o Sr. Secretário da Fazenda Odir Tonollier, que corresponde a 13% a inadimplência, e se manteve igual ao ano de 1998, quando foi 12%. Ora, 13% mostra que o contribuinte tem pago dentro do prazo, dentro das suas condições, mas, 15% dos contribuintes, por diversas razões, e nós estamos enfrentando um quadro claro de desemprego, nós estamos enfrentado um quadro claro das dificuldades econômicas, e eles, obrigatoriamente, têm que priorizar os seus pagamentos e, às vezes, o IPTU passa a não ser prioritário dentro das suas dificuldades, não que eles não queiram pagar o IPTU, eles querem é atrasar o IPTU, naquele determinado mês, ele não teve condições financeiras de preencher todos os seus gastos pessoais e familiares, então ele deixou o IPTU para pagar mais adiante. Aí, quando ele vai pagar o IPTU, ele se depara com esse problema: se ele tinha uma dívida de “x”, ela passou a ser “x” mais 15%. Ora, não é correto! Se nós estamos com um índice de inflação de 1% ou 1,5% ao mês, não podemos penalizar o contribuinte que tem um histórico bom. Como diz o Secretário, a inadimplência é pequena em Porto Alegre. Então, sempre dentro do possível, o IPTU é pago em dia ou em tempo hábil, alguns até que conseguem antecipá-lo, mas outros não. Estes que não conseguem pagar no dia do vencimento, não podem ser penalizados, não podem ter dificultado o pagamento de seu imposto. No momento em que colocamos 15% de multa, estamos dificultando o pagamento em dia, porque a prestação do contribuinte estará sendo acrescida de 15%, do dia 25 para o dia 1º do mês seguinte.

Alguns dizem aqui, de maneira equivocada, que multa é arrecadação, é tributo. Quando se faz a peça orçamentária, nunca se prevê - e não deve ser previsto - que se pode arrecadar determinada quantia em multas. A função do Legislativo, quando aprova, discute e vota essa peça orçamentária, e, principalmente, a função do Executivo, não é calcular que vai entrar uma soma considerável de valores correspondente a multas sobre tributos, pois é uma arrecadação extraordinária. Sobre essa arrecadação extraordinária, que não sabemos de quanto vai ser, nós não podemos fazer previsões para usar esse dinheiro. Mas se essa não é uma arrecadação, nós temos que fazer essa correção, para que possamos viabilizar que aquele contribuinte que é inadimplente possa pagar seu tributo, porque não é justo que 87% da população pague o IPTU, em dia ou não, e que 13% não pague e também receba as mesmas melhorias dos que estão pagando. Então, vamos fazer com que esse índice de 13% que não está pagando, até pelo alto percentual da multa, seja reduzido para 2%, como a lei federal e os tributos federais já estabelecem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.) 

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa, tem razão o Ver. João Dib, às vezes é acometida de um furor legiferante. E o pior disso é que estou vendo, com muita preocupação, que estão pululando Projetos de isenção, de redução de multas, e, na medida em que as eleições se aproximam, esses Projetos multiplicam-se de maneira fantástica dentro desta Casa.

Vou querer analisar com mais calma, mais detalhadamente, até para não cometer injustiça, o Projeto do Ver. Fernando Záchia, que reduz as multas, por isso, não vou falar sobre esse Projeto hoje.

Outro dia estava também preocupado, achando que o Projeto do Ver. João Bosco Vaz, que disciplina o uso das bicicletas nos parques, poderia estar nesse furor legiferante. Mas, aí, fui conversar com o Ver. João Dib, que tem uma expressão muito pitoresca para classificar esse tipo de Projeto, como sendo de história em quadrinhos - história em quadrinhos feita em quantidade, para agradar -, e lembrou-me que esse Projeto, realmente, não é um Projeto que entra nessa quota do furor legiferante, mas que é um Projeto realmente sério. A partir daí, fui estudar o Projeto, e comecei a me lembrar, Ver. João Bosco Vaz, que eu mesmo presenciei, em parques, marmanjos com bicicletas, oferecendo sérios riscos às crianças e às pessoas idosas. O Ver. Pedro Américo Leal lembrou isso também, outro dia. Então, me convenci de que é um Projeto sério, importante, oportuno, bastante simples e inteligente, porque ele é quase um Pedido de Providência. O Vereador poderia ter feito um Projeto autorizativo, que eu condeno, porque salvo raras exceções, como ensejar alguma polêmica, ele é um Projeto inócuo, mas o Vereador fez quase que um Pedido de Providências através de um Projeto, porque a Ementa diz que ele disciplina, mas, na verdade, disciplina muito pouco, porque coloca para o Executivo fazer a maior parte do disciplinamento. Apenas estabelece que tem que ter áreas especiais - não proíbe os ciclistas - para os ciclistas e diz que, no mais, o Executivo tem que regulamentar. Eu só espero que, depois, aqueles que exigem rigor nas leis, não reclamem, como no caso dos “azuizinhos”, da aplicação da penalidade com o rigor da lei. Porque às vezes isto acontece aqui: todo mundo faz discurso, dizendo que a lei tem que ser rigorosa, no caso do trânsito, e depois reclamam quando nós temos que aplicar a lei ao pé da letra, reclamam que estamos sendo injustos porque somos rigorosos demais.

A outra questão que eu gostaria de abordar é sobre os nomes de ruas. Os Vereadores que me antecederam - Ver. Cyro Martini e o aparte do Ver. Décio Schauren - colocaram muito bem essa questão e canso de dizer que a minha comunidade e eu somos vítimas dessa determinação autoritária, porque nem tudo o que está autorizado, que é legal, pode deixar de ser autoritário. Muitas vezes, a forma como é feito, como aconteceu na minha comunidade, onde estávamos discutindo os nomes das ruas e, de repente, descobrimos que as ruas foram nominadas sem nenhuma consulta e até hoje não sabemos quem foi, é uma forma autoritária, e nós temos que cuidar muito bem. Nesse furor, é nome de rua para tudo quanto é lado. Nesse furor legiferante, muitas vezes preocupa-se muito com o homenageado e não se preocupa que, muitas vezes, essas homenagens acabam causando vítimas, que é a comunidade. Então, temos que atentar para as duas pontas dessa questão: o homenageado, quando se coloca o nome de rua, e a comunidade, que vai receber o nome da rua, porque não podemos, a pretexto de homenagear alguém, fazer vítimas do outro lado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o Jornal do Comércio de hoje, na pág. 03, coluna do Jornalista Fernando Albrecht, informa a população de que modificações ocorridas em nosso Regimento abririam a possibilidade da ampliação do número de Vereadores da nossa Câmara de trinta e três para quarenta e cinco.

Como as modificações havidas não têm nada a ver com isso, penso que cabe à Mesa Diretora da nossa Casa dirigir-se ao Sr. jornalista esclarecendo que não tem nada a ver uma coisa com a outra.

Não é o Regimento que vai fazer essa ampliação, mas, sim, uma lei federal.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa, procede a Questão de Ordem de V. Exa. Vamos tomar providências no sentido de que seja encaminhada ao jornalista a informação de que o Projeto de Resolução que tramita nesta Casa, que já votamos em parte, de forma alguma poderia mexer nessa questão e nem buscou mexer.

Nesse sentido, procede a Questão de Ordem e deferimos o Requerimento de V. Exa.

A Vera. Maristela Maffei está com a palavra. Ausente. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o projeto do Ver. Fernando Záchia termina trazendo ao Plenário uma discussão interessante, porque aborda a questão tributária do Município.

O Ver. João Dib, nosso duro opositor, afirmou desta tribuna que a Prefeitura de Porto Alegre, as nossas administrações, teriam uma avidez tributária, um “vampirismo tributário” e que esta multa de 15% hoje estabelecida, seria um claro exemplo disso.

Então, que fique claro que esta multa, nesta lei, é anterior as nossas administrações, em primeiro lugar, mas - assim eu considero também - é um valor elevado para os percentuais inflacionários de hoje, embora um percentual de multa não tenha nenhuma relação com o percentual inflacionário. São duas questões diferentes. Agora, termina-se tomando, sim, como referência, o percentual inflacionário, porque nós aprendemos, quando a inflação era muito alta, que se poderia fazer dinheiro com dinheiro, de uma maneira fácil, apenas colocando no tal de “overnight”, que, por mágica, ao longo da noite, fazia criar dinheiro, sem que isso tivesse embasamento no processo produtivo, que, esse sim, é que tem que gerar riqueza.

Então, tem que haver uma referência, mas o percentual de multa não está ligado ao percentual de inflação do momento. É, sim, uma punição àquele que não cumpre com as suas obrigações.

Mas eu estou aberto à discussão. De fato, eu considero que um percentual de multa de 15% pode ser trabalhado, pode ser modificado, mas também considero que 2%, como propõe o Ver. Fernando Záchia, é um percentual muito baixo. Dependendo do valor, do principal a ser utilizado, alguma aplicação poder trazer um resultado positivo àquele que não queira pagar o que deve ao Município.

 

O Sr. Fernando Záchia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu falava sobre isso com V. Exa.: existe uma lei federal que diz: “As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações do seu termo não poderão ser superiores a 2% do valor da prestação”. Se a prestação do IPTU é R$ 50,00, o inadimplente vai ser penalizado, em vez de em 15% pelo atraso, em 2%, pois o valor já é corrigido mês a mês. Já há uma correção monetária do valor da prestação. Isso quer dizer que o cofre público municipal não está perdendo dinheiro, porque há correção monetária, e, em vez de ser penalizado em 15%, conforme a lei federal - nós estaríamos ajustando uma lei federal -, ele seria penalizado somente em 2% do valor da prestação.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu continuo achando que é um valor baixo. Posso, também, considerar que 15% é um valor alto, mas 2%, esse sim, dependendo do valor a ser pago, pode ter remuneração maior fora, que alguém prefira aplicar no mercado financeiro do que pagar à Prefeitura. É uma discussão válida. De qualquer maneira, nós sabemos que é uma iniciativa que tem óbice do ponto de vista da atribuição, que é do Chefe do Poder Executivo.

Vereador Fernando Záchia, nós estamos abertos à discussão, assim como aconteceu com relação ao ISSQN.

Mas quero abordar a questão trazida pelo Ver. João Dib. O tempo encurtou, mas o IPTU é um exemplo. O valor médio na Cidade de Porto Alegre é a metade do valor do Rio de Janeiro, é um terço do valor de Curitiba. Mais da metade da população da Cidade paga à vista, e o percentual de pessoas que não pagam, os inadimplentes, é muito pequeno.

Portanto, isto demonstra que não há nenhum vampirismo político. Aliás, temos trazido conceitos importantes no Brasil inteiro. Os jornais de hoje estão dizendo que o Prefeito Raul Pont e mais oito Prefeitos de regiões metropolitanas entregaram ao Dep. Federal Germano Rigotto um pedido de que o IPTU seja progressivo. Aliás, uma tese antiga que temos na Cidade, que é a justiça social. Hoje, todos os Prefeitos de regiões metropolitanas estão pedindo isso, exatamente. Temos trazido teses avançadas, e a história mostra que temos razão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido todos os Vereadores a participarem de uma confraternização no Colégio Pão dos Pobres, organizada pelo Ver. Luiz Braz e por este Vereador. Haverá uma partida de futebol entre o time dos Vereadores e aquela instituição. O jogo é às 22h. O nosso jogo é contra o Sindicato dos Municipários, das 22h às 23h. Os Vereadores atletas estão todos convidados.

Com a palavra o Ver. João Dib para uma Comunicação de Líder, pelo PPB.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ação sem razão é precipitação; razão sem ação é omissão. Essas palavras me vêem à mente, porque desejo fazer uma homenagem ao Dr. José Camargo, meu conterrâneo, com muito orgulho, e que, por unanimidade, recebeu desta Casa o Título de Cidadão de Porto Alegre, por mim proposto. O Dr. José Camargo é vacariano, e é uma das maiores autoridades em matéria de pulmão neste País.

O Dr. José Camargo escreveu um artigo, que faço questão de ler, publicado no Jornal Zero Hora de ontem, para que seja incluído nos Anais da Casa. O nome do artigo é: A ética dos nanicos. “Os jornais noticiaram e se pôde ver na televisão o jovem Governador do Rio de Janeiro, com o colarinho apertado e gotículas de suor na raiz dos cabelos, a denunciar com algum orgulho o nome de um tipo que tentara suborná-lo a propósito de uma portaria relacionada com transporte coletivo. Até deu o nome do canalha: Coelho ou algum outro tipo da família dos roedores.

Não bastasse o inusitado, ainda havia o desconforto da descoberta de que o fone utilizado para a ligação estava locado no gabinete de um deputado da Assembléia Estadual. Enfim uma pobreza envolvendo dois dos três poderes básicos da sociedade democrática.

A discussão que se seguia analisava a atitude correta do Governador, reagindo energicamente àquela escória moral, um exemplo a ser seguido por todos os governantes.

Afora a fachada da notícia, e não importa que ênfase a isso se tenha pretendido dar, o mais grave, sem dúvida, estava na origem do episódio: alguém teve lá suas razões para supor que o Governador de um dos mais importantes Estados brasileiros era potencialmente subornável.

Ocorreu-me que esta atitude, se não tomada por um louco delirante, reflete, mais do que qualquer coisa, a escassa estatura política do governante.

E quem conhece um pouco da história política do País percebe que esse achincamento é recente e, pior, é progressivo.

Ou haveria alguém suficientemente desinformado, ingênuo ou louco para fazer semelhante oferta a um Flores da Cunha, Getúlio, Jânio, Otávio Mangabeira ou a um Carlos Lacerda?

Mais importante é que fatos como este traduzem o desapreço que a sociedade em geral tem pelos políticos atuais, com honrosas exceções.

Desapreço este construído diligentemente pelos próprios políticos que, em nome do chamado debate democrático, mantêm uma atitude parlamentar desprovida de qualquer indício de hombridade. Ou há algo mais ridículo do que o ‘Vossa Excelência é um mentiroso’ a que com freqüência se assiste nos bate-bocas agora trazidos ao vivo pela TV?

Em nome de uma pretensa civilidade, os homens se achincalham em público, sem nenhuma reação aparente e, suspeito até, que sem nem mesmo alterar a freqüência cardíaca.

Lamentavelmente parece que passou o tempo em que mexer com a dignidade de alguém significava mais do que um discurso inconseqüente.

A propósito, um dos melhores confrontos políticos ocorreu há muitos anos, entre representantes de duas escolas muito diferentes: de um lado o saudoso professor Britto Velho, um gaúcho da gema, deputado federal no seu último mandato. Do outro lado, um jovem e faceiro deputado nordestino estreando na Câmara e fadado a ser famoso no futuro.

Depois de uma acalorada e agressiva discussão no plenário, contam que o jovem deputado abordou Britto Velho na roda do cafezinho e na frente de vários colegas perguntou-lhe, debochadamente: “E daí, meu caro deputado, em que pé estamos? Amigos ou inimigos?”

O professor, cerca de 30 centímetros mais alto do que seu desafeto, cruzou os braços acima da linha normal para acentuar ainda mais a diferença de altura e respondeu-lhe:

- Nem uma coisa, nem outra. O senhor não tem virtudes para amigo, nem estatura para inimigo.

Lamentavelmente tipos assim estão em extinção, e nossos filhos parecem condenados a contar apenas histórias de enxovalhos e constrangimento. Histórias que têm contribuído para afugentar as pessoas sérias da política, abrindo caminho, com esta omissão para uns anões morais que consideram heróico o simples exercício da seriedade.”

E foi por isso que eu iniciei dizendo que razão sem ação é omissão.

Eu gostaria que todos os brasileiros não se omitissem, agissem, fazendo com que os nossos partidos acolham gente de melhor qualidade, para que o Dr. Camargo possa depois escrever: “Os políticos melhoraram e melhoraram muito.” Saúde e paz. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero fazer dois registros que me preocupam, e um deles, se a moda pega, nós também vamos ter esse tipo de problema no Município de Porto Alegre, como, aliás, num certo momento, já tivemos, mas o bom senso acabou imperando. Ontem, o Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul realizou uma assembléia com todos os seus profissionais, especialmente aqueles ligados como funcionários do Governo do Estado, no sentido de discutir a inusitada ordem do Governador Olívio Dutra de obrigar os jornalistas a cumprir oito horas de trabalho na Administração Estadual. Essa é uma polêmica antiga que, em nível do Governo Federal, foi resolvida pelo então Ministro da Administração, Bresser Pereira, que imaginou que poderia enquadrar os jornalistas, especificamente enquanto funcionários públicos, dentro de um horário normal, passando por cima da legislação específica dos jornalistas que determina que esses profissionais têm cinco horas/dia com, no máximo, duas horas extras, com o respectivo pagamento. Depois, o Ministro Bresser Pereira se deu conta do erro, voltou atrás, e hoje a Legislação Federal é muito clara a respeito disso. No Município de Porto Alegre, o Governador Olívio Dutra também tentou fazer esse enquadramento e, na gestão Tarso Genro, a Prefeitura voltou atrás, depois de uma pressão do Sindicato dos Jornalistas, e retornou ao respeito à Legislação Federal, que é da categoria, que não leva em conta se o profissional é funcionário público ou trabalha em uma empresa privada. Ele, enquanto é jornalista, pela sua legislação, tem obrigação de cinco horas de trabalho, com duas horas extras, no máximo, com seu respectivo pagamento.

Hoje, o Governador Olívio Dutra, ao que parece, atendendo a um Parecer da Procuradoria do Estado, entende que não é assim, e está pressionando, duramente, os profissionais da área de comunicação do Estado para que cumpram oito horas, gerando alguns impasses em relação a esses profissionais. É curioso, pois, de um lado, se tem todo um discurso e toda uma prática, inclusive de apoio de boa parte do segmento dos jornalistas ao Partido dos Trabalhadores, há um discurso do PT em apoio aos trabalhadores e, ao mesmo tempo, há uma teima em desrespeitar aquilo que é a legislação básica dos trabalhadores. Eu espero que a reunião que está sendo solicitada pelo Sindicato ao Governo do Estado ocorra, não aconteça o que aconteceu com a Ford - o Governador só correu atrás depois que a Ford já estava indo embora -, e que o Sindicato possa discutir com o Governo do Estado.

Quero fazer o registro de uma preocupação segunda, que é um conjunto de contratos que a Secretaria Municipal da Cultura vem celebrando com dispensa de licitações e com profissionais em funções, no mínimo, extremamente curiosas pelo, em primeiro lugar, desvio de função que representam; em segundo lugar, por práticas, que eu diria que, no mínimo, me deixam preocupado e com vontade de conhecer os contratos sociais, as declarações de firma individual - se houverem - para saber como essas empresas conseguem cumprir funções tão amplas. Eu quero me referir ao Diário Oficial do Município, do dia 27 de maio, página oito: “Inexigibilidade de licitações. Contrata-se o Sr. Antônio Carlos Galo Brunet, através da empresa Ballet Phoenix, para ser diretor-artístico do Seminário sobre de Cinema e Erotismo.” Isso é uma pérola de desvios de funções e de criatividade para ajudar os amigos. Em primeiro lugar, não me consta que o Sr. Antonio Carlos Galo Brunet seja bailarino e muito menos que um Festival de Cinema precise ter direção artística. Um Festival de Cinema é simples: se faz a seleção dos filmes, convida as pessoas, as traz até aqui, pode ter um apresentador, faz a projeção dos filmes, faz os debates e pronto. Direção artística para quê? Para dizer como é que o ator vai se portar na frente do palco para poder debater com o público? Ou como o público vai se comportar perante o microfone para poder fazer uma pergunta? Direção artística para dizer como é que o projetorista, lá na cabine, vai projetar o filme, mais para ali, mais para cá? Não consigo entender direção artística num Festival de Cinema cujos filmes já vêm prontos, vêm apenas as cópias dos filmes. Agora, menos ainda entendo que o Sr. Antonio Carlos Galo Brunet, que é diretor e ator de teatro, possa ser contratado pelo Ballet Phoenix para produção artística de um Festival de Cinema.

Fico com esse registro, hoje, mas a página oito do Diário Oficial, do dia 27, é realmente uma pérola de contratos sem licitação para atividades que muitas vezes são as mesmas com preços diferentes. Outra imensa curiosidade que eu quero abordar aqui, ainda hoje, ou na próxima Sessão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando cheguei a esta Casa, no início da tarde, o assunto que se ouvia era com relação a um fato jurídico-político, porque o jurídico tem repercussões no político e vice-versa. Ouvimos a decisão, por parte de S. Exa. o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Dr. Cacildo Xavier, de sustar a execução da medida liminar que suspendia a execução do chamado processo do Orçamento Participativo no Estado do Rio Grande do Sul.

Agora, quero saber como ficam, Ver. Elói Guimarães, aquelas pessoas que de forma apressada e inusitada, sem o compromisso com as tradições democráticas que deve ser o fundamento, sobretudo de um homem de esquerda, disseram, ontem, que a decisão do Desembargador Wellington Pacheco envergonhava as tradições do Estado do Rio Grande do Sul. O Vice-Governador do Estado foi quem fez a afirmativa de que a manutenção da liminar, a decisão de S. Exa. o Desembargador do Tribunal de Justiça, representando o conjunto do Tribunal de Justiça naquele momento, envergonhava o Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul. Essas foram as declarações do Vice-Governador Miguel Rossetto, que certamente, com sua boa retórica e seu bom preparo, deveria ter um entendimento mais intelectual e jurídico das relações entre os poderes constituídos, os fundamentos filosóficos do estado democrático. Quero saber como ficam as manifestações do douto e preparado economista e filósofo, Secretário da Casa Civil do Estado, que ontem, apressadamente, tratou de dizer que a decisão do Desembargador Wellington Pacheco representava um compromisso com as elites do Rio Grande do Sul, naquele caminho que é o que se recomenda a todos aqueles que têm o compromisso com o estado de direito: o ingresso em juízo com todas as medidas judiciais cabíveis, para discutir, em nível de Poder Judiciário, as repercussões daquele processo judicial. Pois hoje, o Presidente do Tribunal de Justiça revogou a medida, entendendo que a manutenção da liminar, tendo em vista os aspectos processuais e o protocolo firmado entre o Governo do Estado e os COREDES, poderia causar dano irreparável à continuidade de um trabalho em relação ao Orçamento do Estado.

É esse o cotidiano das relações da vida democrática, das relações dos poderes dentro de um estado democrático. A decisão do Presidente do Tribunal de Justiça não é terminativa, é o início do processo de uma demanda judicial. Isso não é um jogo de futebol! E a Magistratura rio-grandense, sem demérito aos juizes de futebol, não é juiz de futebol! É coisa muito séria! É o respeito às instituições democráticas! E o que houve ontem aqui nas manifestações do Chefe da Casa Civil e do Vice-Governador Miguel Rossetto foram agressões. Quero dizer a V. Exa., que acho extremamente importante que a sua Moção seja apreciada e o tema do respeito ao poderes constituídos seja debatido profundamente nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, recebi no meu gabinete uma correspondência, que entreguei para o Líder do PT, Ver. Guilherme Barbosa. (Lê.) “Da assessoria econômica da Bancada do PT para o Vereador (escrito à mão) Fernando Záchia. Cumprindo o papel de assessoria técnica aos Vereadores desta Câmara, considero a relevância da entrevista do Presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Sr. Paulo Ziulkoski, sobre os grandes problemas que enfrentam as administrações municipais nos tempos atuais. A matéria ganha relevância pelo fato de ser um militante do PMDB que coloca em primeiro lugar os interesses da sociedade, na instância mais importante da administração pública, que é o município, ao defender a instituição do Orçamento Participativo. Prioriza o interesse público e não o interesse pessoal, imediatista, como fazem os Vereadores e Deputados pertencentes ao seu Partido e aos demais que se caracterizam como oposição aos atuais Governos de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. É um exemplo de homem público que representa a exceção, e não a regra, na composição dos partidos políticos de oposição. À contribuição do técnico, acrescenta-se a do homem público honesto e magnânimo, que exerce a oposição construtiva em nome do bem-estar da população”. Está assinado por alguém que não consigo identificar, mas, segundo ele, assessor econômico da Bancada do PT. Não conheço esse cidadão. Não quero fazer crítica a uma pessoa que assina, não se identifica, que diz que assessora os Vereadores desta Câmara, assessora uma Bancada desta Câmara.

 

 

O Sr. Renato Guimarães: (Aparte inaudível.)

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Ver. Renato Guimarães, que não venha esse cidadão, que eu não conheço, dar opinião e dizer quem é exceção e quem é regra.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Fernando Záchia, vou suspender o tempo de V. Exa. e solicitar aos Vereadores que não façam apartes anti-regimentais.

Restituo o tempo a V. Exa.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Agradeço, Sr. Presidente. Aqui diz que o Sr. Paulo Ziulkoski é um exemplo de homem público que representa a exceção, e não a regra, na composição dos partidos políticos de oposição. É a opinião dele, da Bancada ou do Diretório? Ele está-se identificando pelo PT. Se é a opinião individual desse cidadão, ele não tem o direito de largar correspondência em meu gabinete. Se é a opinião do Partido, eu respeito a instituição e o Partido tem que dizer. Se é a opinião do Diretório, que ele diz que pertence, é uma opinião oficial; mas não venha esse cidadão querer ensinar a fazer política neste Estado, neste Município, dizer quem é sério e quem não é.

Ele se pega num militante, num homem honrado do PMDB, pois o PMDB tem essa clareza, tem essa democracia de, internamente, fazer com que haja opiniões divergentes. Nós respeitamos e fazemos isso. Agora, não venha um cidadão dizer coisas, pois para mim aquele que não se identifica, que não coloca o seu nome, é um covarde. Se ele não se identificou, se é uma opinião particular desse homem, eu não dou o direito de dizer que possa ser exceção ou regra. Quem sabe se eu sou exceção, se os Vereadores do meu Partido, se a Vera. Clênia Maranhão, ou os Vereadores que fazem oposição a esse Governo Municipal, somos exceção ou somos regras!

Assessor econômico do PT, assessor que está representando um Partido vem dar opiniões políticas?! Vá assessorar a sua Bancada na questão econômica. Vá assessorar o Ver. Renato Guimarães, que precisa e deve saber se pode haver permuta de dois ou quinze por cento. É isso que esse cidadão tem que fazer. Tem que preparar os seus Vereadores na questão econômica. Não venha dar palpites, opiniões dizendo que prioriza o interesse público e não o interesse pessoal, imediatista - como fazem os vereadores e deputados pertencentes ao seu Partido - ao PMDB, e aos demais que se caracterizam como oposição aos atuais governos de Porto Alegre e do Estado. Diz ele: como fazem os Vereadores do seu Partido, ou eu, ou a Vera. Clênia Maranão, aqui só tem dois. No meu Partido, e falo com certeza nos outros partidos de oposição, ninguém tem política imediatista, ninguém é regra. Aqui, a Bancada do PMDB, o Partido do PMDB tem a convicção de que não pode admitir que um cidadão, que é assessor de uma Bancada de um Partido como o PT, que assessora Vereadores desta Casa, venha entregar esse documento de maneira anônima. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero, de saída, em nome da nossa Bancada pedir desculpas ao Ver. Fernando Záchia, dizer que isso não é procedimento indicado pela nossa Bancada (...)

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, estou ouvindo V. Exa. porque V. Exa. disse que era uma Questão de Ordem. É possível, ainda, que a Bancada use o tempo de Comunicação de Líder, que está em aberto. Solicito ao meu Líder, Ver. Guilherme Barbosa, a sua compreensão e que o Vereador utilize o tempo de Líder, porque, Ver. Guilherme Barbosa, a explicação não pode ser feita como Questão de Ordem. Agradeço a compreensão do meu Líder.

O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como eu estava fazendo no microfone de aparte, quero, formalmente, em nome da nossa Bancada, pedir desculpas ao Ver. Fernando Záchia pelo ocorrido. Não é nossa prática fazer isso. Temos uma prática, sim, da nossa assessoria nos assessorar.

Os nossos assessores de qualidade fazem isso com matérias importantes que nos são encaminhadas. Portanto, que fique marcado que isso não é postura indicada da Liderança da nossa Bancada.

Ao mesmo tempo quero estranhar muito, porque o Ver. Fernando Záchia poderia ter resolvido isso muito mais facilmente num contato direto com este Vereador. Mas preferiu fazer um certo escândalo aqui na Tribuna. Faz parte do jogo, todo mundo gosta de uma luzinha, de algumas câmeras de televisão. Poderia ter falado direto e recebido exatamente este pedido de desculpa formal da nossa Bancada, da mesma forma gostaria que fosse possível solicitar ao Vereador a retirada de algumas palavras não muito indicadas que foram proferidas neste microfone.

Mas quero aproveitar este tempo de Líder da nossa Bancada para registrar que foi com grande satisfação que a nossa Bancada recebeu a notícia, Sr. Presidente, da decisão do Presidente do Tribunal de Justiça do nosso Estado, cassando a liminar que antes tinha sido concedida a uma ação impetrada pelo ex-Prefeito, ex-Governador do nosso Estado, atual Deputado Federal, Alceu Collares, que pretendia cassar a possibilidade do povo do nosso Estado conhecer os números do nosso Estado, conhecer de onde vem o dinheiro do Estado, de que maneira se deve gastar os recursos do nosso Estado, é um processo de democratização que o mundo inteiro discute, e vem exatamente um Deputado Federal do PDT, que é um Partido em geral progressista, que nós consideramos do campo popular, vem esse ex-Prefeito, vem esse ex-Governador, que teve uma prática exatamente contrária a tudo isto. Ele tem uma certa mania, quando foi Prefeito criou os Conselhos Populares que nunca escutou, nunca estruturou, nunca ouviu. Quando foi Governador criou os COREDES que nunca deu bola, nunca escutou e agora passou a ser um grande defensor dos COREDES. O Deputado Federal, Alceu Collares quem não lembra...

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa eu vou suspender o tempo de V. Exa. Eu solicito aos Senhores Vereadores que tenham a gentileza de manter o silêncio no Plenário para que o Vereador que está na Tribuna possa fazer a sua intervenção com a tranqüilidade, assim como foi assegurado ao Ver. Fernando Záchia, solicito neste sentido que haja como sempre a colaboração dos Senhores Vereadores.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Então, eu dizia, que o Deputado Federal Alceu Collares que tem uma certa prática, quando foi Prefeito, no último mês, em dezembro de 1988, aprovou o novo Plano de Carreira para os Municipários, aumentou por três a folha. Quando foi Governador também aprovou algumas leis de saída, para o Governador seguinte Antônio Britto colocar em prática. Ora, isso não tem a ver com o Partido que ele compõe, o PDT, que é um Partido democrático, do campo popular, nós consideramos assim, e esta atitude é completamente separada deste Partido que tanto respeitamos, que queria proibir que a população do Estado do Rio Grande do Sul discutisse e decidisse de que maneira os recursos do nosso Estado devem ser aplicados. Esse é um processo que está numa discussão mundial. Não é à toa que vêm tantas delegações de outras cidades, de outros países, conhecer como é que funciona em Porto Alegre o Orçamento Participativo. Queremos muito avançar e melhorar cada vez mais e, talvez, alguns Deputados, ainda não acostumados com isto, quando conseguem alguma obra, fazem uma campanha muito grande nas suas cidades; alguns Prefeitos também agem assim, é claro que não são todos, mas eles vêem que esta possibilidade lhes escapa pelos dedos e querem proibir que a população decida para onde irão os recursos do nosso Estado.

Quero louvar a decisão do Presidente do Tribunal, Dr. Cacildo, que hoje cassou a liminar, para que isso siga num procedimento legal, que não tem - e está dito pelo Senhor Desembargador - nada de ilegal. O Chefe do Executivo estrutura o orçamento como quiser. Essa é uma tarefa dele. Ele pode fazer sozinho, pode fazer com seus Secretários, pode chamar a população. É assim que tem acontecido. Não há nenhuma ilegalidade. As pessoas que estavam trabalhando para ele estavam lotadas em cargos em comissão já existentes no Estado, não foi gerada nenhuma despesa a mais e, portanto, trabalhando para que a democracia se amplie, se enraíze definitivamente em nosso Estado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, solicito a todos os Senhores Líderes que subscrevam a nota que se encontra nas mãos do Ver. Luiz Braz, que é uma resposta educada, elegante ao Jornalista que disse que nós, através de uma Resolução, estaríamos aumentando o número de vagas para Vereadores em nossa Cidade, através de um Projeto de Resolução aprovado. Foi um problema que houve de comunicação e é uma nota respeitosa ao Jornalista, mas para que não fique pairando esta dúvida entre os cidadãos de nossa cidade, estamos solicitando que esta nota seja subscrita.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem): Isto é fruto de uma reportagem que fiz com esse Jornalista, onde manifestei a necessidade de a Câmara Municipal ter 45 membros; e eu não retiro de maneira alguma essa afirmação.

 

O SR. PRESIDENTE: Essa é a sua opinião, com a qual eu, no mérito, até comungo com V. Exa, mas não se trata disso. Trata-se de uma informação, no jornal, de que já teríamos aprovado isso.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Eu já fiz isso.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. pode ter feito isso, mas a Câmara de Vereadores não votou isso, nem tem competência constitucional para isso. A nota é apenas para repor a realidade dos fatos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, respeitosamente comunico a V. Exa. que eu, como Liderança, não assino a nota, porque não sei o que saiu da Casa dirigido ao Jornal. Como a Mesa não nos informou se tomou a providência, não informou se verificou o que foi enviado aos jornais no dia de ontem ou anteontem, então eu não quero me precipitar. Sugiro que a gente verifique o que saiu da Casa, porque, várias vezes, a nota que sai da Casa ou por impropriedade do nosso profissional ou por dificuldade de comunicação sai daqui com algum desvio. Eu não vou responsabilizar lá no terminal, que é o Jornalista que ocupa o seu espaço no jornal. Nesse sentido, não vou assinar a nota, a não ser que se tenha um levantamento claro de que não saiu daqui de fato. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradeço a intervenção de V. Exa., eu apenas fiz uma solicitação para não parecer que fosse um ato deste Presidente em exercício apenas e, sim, de repor a realidade dos fatos.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu não tenho nenhuma crítica ao Presidente no seu ato. Quero dizer que não aceito, até porque eu sou Jornalista também, sei das dificuldades. E como é um espaço que sempre ajuda a Câmara, eu não creio que haja má intenção. Eu gostaria que verificássemos, antes, se não houve primeiro falha aqui da Casa. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu tenho ao meu lado o Coordenador de Comunicação Social, solicito-lhe que apanhe, na sua assessoria, as notas que foram enviadas aos jornais no dia de ontem para que os Senhores Líderes possam verificar o conteúdo das mesmas. Depois, se os Líderes entenderem, assim procederem de assinar conjuntamente com este Presidente, o farão, se não, se entenderem que é uma tarefa apenas da Mesa, eu acho que é, eu o farei de forma individual.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Agradeço a sua sensibilidade. Muito provavelmente tenha havido uma confusão nos textos, no que diz respeito a esse assunto. Houve um aumento de vagas para Vereadores, é verdade, mas, na Pauta Especial, não no número de cadeiras da Câmara, que é uma Lei Federal.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu acredito que tenha sido esse realmente o problema de comunicação.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicação de Líder.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu venho à tribuna no dia de hoje, como Líder do PFL, para manifestar o meu repúdio, a minha mágoa e a minha inconformidade com os descritérios com que ultimamente se faz política neste Estado.

Ainda ontem eu via e ouvia as maiores diatribes dirigidas contra o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul, que havia atendido uma reivindicação que, civilizadamente, o ex-Governador do Estado e hoje Deputado Federal, Alceu Collares, pleiteava em juízo. E as mesmas vozes que ontem criticavam o Poder Judiciário, até de forma muito dura, muito rude, muito irresponsável, hoje se levantam, exatamente, em campo oposto a festejar uma decisão interlocutória do ilustre Presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

É um momento adequado para que se afirme algumas verdades. A Justiça só é boa quando ela se realiza sem perguntar qual é o interesse político que precisa ser respeitado ou consagrado. A justiça não pode ficar a critério das posições e dos interesses políticos dos vários segmentos políticos que se engalfinham.

Ver. Fernando Záchia e Ver. Isaac Ainhorn, que têm nesta Casa um Projeto de Lei e uma Emenda, que buscam dar legalidade ao Orçamento Participativo do Município, temo que a discussão e o debate que se instaure aqui não o seja da forma mais adequada. Eu sou daqueles que já vivo há mais tempo nesta Casa, e tenho esta culpa comigo mesmo de já ter vivido mais tempo que a maioria dos integrantes desse sodalício, mas vi ao longo do tempo, homens e mulheres se baterem, neste País, para que nós tivéssemos um Estado de direito democrático. Um Estado de direito democrático pressupõe que existam leis que regulem a vida em sociedade, nos seus mais diferentes aspectos e nas suas mais diferentes situações. Se hoje surge um tema polêmico, como é o Orçamento Participativo, que justifica, inclusive, essa nota infeliz, aqui, que já foi objeto do repúdio do Ver. Fernando Záchia, eis que ela justifica a separação das pessoas, quem é a favor desse tipo de orçamento participativo clandestino, não-legal, são identificados como exemplos de homens públicos que representam a exceção e não a regra da composição dos partidos políticos de oposição. Eu não quero ser exceção, dentro do meu Partido, que tem na sua formulação a proposta da gestão participativa e que nem por isso me sinto inibido de criticar, de lamentar, a utilização político-eleitoral que se faz hoje, do orçamento participativo, especialmente, agora, na sua tentativa, no Governo do Estado.

Quando se desvia recursos, utilizando bens da EMATER, por exemplo, para a realização dessa série de programações do Orçamento Participativo que serve, não raro, até mesmo para cenas insólitas, em que o proselitismo político-eleitoral nem mais se camufla com a utilização desse momento para campanhas de filiação ao Partido dos Trabalhadores. É um tema muito sério e, é por isso que eu quero, num bem de justiça dizer, ao Deputado Alceu Collares, que não é do meu Partido, e que eu nunca fui seu eleitor, aqui, nesta Casa, tem, no mínimo, 80% de pessoas que pelo menos uma vez votaram no Dr. Alceu Collares. Eu nunca votei no Dr. Alceu Collares, mas, sou obrigado a reconhecer que, neste momento, S. Exa. está dando uma contribuição muito grande para o Estado do Rio Grande do Sul, indo às varas dos tribunais, indo buscar no Poder Judiciário, medidas capazes de conter esse exageros de recursos públicos para atingir objetivos que, por melhores que sejam, não autorizam essa prática e consagram o direito legítimo do Dr. Alceu Collares, de buscar no Judiciário a contenção desse equívoco e desse exagero. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença, no Plenário, do Tenente Jair, que é o Assessor Parlamentar do Comandante Militar do Sul.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, faço um Requerimento para que nós votemos, na Ordem do Dia, em primeiro lugar, o Projeto de Resolução nº 032/97, com o Parecer do Ver. Pedro Américo Leal, referente ao Regimento e, em seguida, em função de uma questão muito atual, que possamos votar o Requerimento nº 140, que é uma Moção de Solidariedade. Inclusive, parece que o Ver. Guilherme Barbosa vai acoplar também o Requerimento nº 141.

 

O SR. PRESIDENTE: Então, o Ver. Guilherme Barbosa adenda, ao Requerimento do Ver. Luiz Braz, o Requerimento nº 141.

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Ver. Pedro Américo Leal me faz uma ponderação que é lógica: se votarmos primeiramente o Projeto de Resolução nº 032/97, já que contém muitas Emendas...

 

O SR. PRESIDENTE: Somos obrigados a votar o Projeto de Resolução, mas nada impede, Ver. Luiz Braz, que mantenhamos o Requerimento de V. Exa. e vencendo as Emendas venhamos a apreciar esses Requerimentos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: V. Exa. coloca obrigatoriedade, por que foi interrompido o processo de votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Posso informar a V. Exa. que na Sessão anterior, com a participação inclusive dessa Liderança, nós colocamos em votação o Projeto de Resolução nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da Câmara Municipal, votamos o Projeto, votamos as Emendas que não foram destacadas, e naquele momento tivemos falta de quórum para dar continuidade a Sessão. O processo de votação não pode ser interrompido, isso consta no Regimento. Por esta razão, Ver. Luiz Braz, que ficamos impedidos de não colocarmos em primeiro lugar na votação o Regimento.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, em primeiro lugar, eu gostaria de promover um aditamento ao Requerimento do nobre Ver. Luiz Braz.

Solicito que, tão logo se votem os seus Requerimentos, entrássemos na votação do Parecer sobre a demolição do Mercado Bom Fim, uma vez que se encontra há quase dois meses na Pauta sem conseguir ser votado.

Gostaria de, após a votação do segundo Requerimento do Ver. Luiz Braz, apreciássemos o Parecer de V. Exa. sobre o Mercado Público Bom Fim.

Eu solicitaria que, de imediato, votássemos esse Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu só consulto o Ver. Luiz Braz e o Ver. Guilherme Barbosa. Parece-me que não há nenhum óbice em relação aos Requerimentos de V. Exas. de que, por ordem, teremos que votar primeiro a alteração do Regimento e, depois os dois Requerimentos, após isso, passaremos para à fl. 07, que trata do Parecer referido pelo Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento): Sr. Presidente, há aproximadamente uns quinze dias ou vinte dias, entrei com um pedido de Renovação de um Projeto. Gostaria de uma informação da Mesa sobre esse pedido de Renovação de Votação: há alguma preferência em relação a outro? Acredito que ele seja o primeiro, pela quantidade de dias que se passaram.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Renato Guimarães, o que o Regimento diz é que, em questão de Renovação de Votação, esta deva ser requerida na Sessão imediatamente posterior à votação.

Nós, da Mesa Diretora, temos como prática, para agilizar os trabalhos, sempre proposto que esses Requerimentos sejam votados de forma prioritária, mas não há uma cogência nesse sentido.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Isso é uma confusão da Mesa, então? Não há uma regra?

 

O SR. PRESIDENTE: Não há uma regra.

Em votação, de forma conjunta, os Requerimentos do Ver. Luiz Braz, Ver. Guilherme Barbosa e Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Os Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

 

VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3176/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. Com Emendas nºs 01 a 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06.

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 02, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06; pela rejeição das Emendas nºs 03 e 14.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82,§ 1º, II, da LOM;

- votação nos termos do § 4º do art. 126, do Regimento da CMPA;

- as Emendas nºs 03 e 14, com parecer contrário, não serão submetidas à votação (art. 55 do Regimento);

- retiradas as Emendas nºs 16 a 19;

- na Sessão Ordinária de 07.06.99, foram votados e aprovados o Projeto e as Emendas nºs 02, 04 e 05;

- as Emendas nºs 01, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12,13 e 15, bem como a Subemenda nº 01 à Emenda nº 06 não foram votadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PR nº 032/97.

Queremos informar aos Srs. Vereadores sobre a necessidade de aprovação do Projeto por maioria absoluta dos membros desta Câmara, pelo fato de já termos efetuado a votação nos termos do parágrafo 4º do art. 126 do Regimento da CMPA.

Quero esclarecer que as Emendas que agora colocaremos em votação poderão, uma a uma, ser encaminhadas por todas as Bancadas com assento nesta Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Praticamente tudo que foi consensado está aprovado. Como as Emendas vão ser votadas uma a uma, eu requeiro que cada uma delas seja apregoada, pois elas têm divergências pontuais, que, no curso da discussão, poderão ser consertadas.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido o Requerimento de V. Exa., que, por certo, é o requerimento de todos os demais Vereadores.

Em votação a Emenda nº 01 ao PR nº 032/97. (Lê o teor da Emenda.)

Para encaminhar, com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por que o destaque a esta Emenda que tinha parecer favorável da Comissão? Nós não temos o art. 28 conosco, mas temos o parágrafo 2º, que é a introdução que se dá, através da ementa, vazado nos termos do que foi lido pelo Presidente, que diz o seguinte: “com a finalidade de oportunizar informações técnicas, as Bancadas serão instrumentalizadas com recursos humanos proporcionais ao número de seus Vereadores, conforme resolução de Mesa.”

É preciso, Ver. Pedro Américo Leal, que a gente volte ao caput do art. 228 para poder entender o que se pretende com a Emenda, que diz o seguinte: “os Vereadores eleitos em cada legislatura, constituir-se-ão por Bancadas, escolhendo um Líder e tantos Vice-Líderes quantos forem os grupos de quatro Vereadores.”

Quis demonstrar que estamos tratando da organização e do funcionamento das Bancadas.

Quero declarar que acho a Emenda sábia, na medida em que ela encaminha para um tipo de organização da assessoria das Bancadas, onde a proporcionalidade haverá de se sobrepor como um elemento indicativo às necessidades de cada uma. Hoje esta Casa vive uma situação de um certo descompasso, porque temos uma grande Bancada, numericamente colocando, e até na qualidade dos seus integrantes, que é a Bancada do Partido dos Trabalhadores, que tem doze Vereadores; e as demais Bancadas têm forças mais ou menos equilibradas, sendo a segunda maior Bancada o PTB, com cinco Vereadores, o PDT, com quatro, o PPB com três, e as outras Bancadas tem um ou dois Vereadores.

Eu estou de acordo com este princípio geral de que tenha que haver proporcionalidade nas assessorias, e o fato de que esta proporcionalidade seja reconhecida no Regimento, não quer dizer que ela se estabeleça em função desse reconhecimento, porque ela vem acompanhada da expressão “com recursos humanos proporcionais ao número dos seus Vereadores, conforme Resolução da Mesa”.

Se aprovarmos esta Emenda, e me parece que ela merece aprovação, nós vamos estabelecer um princípio, cuja regulamentação final ficará dependendo de uma Resolução a ser posteriormente elaborada. É o entendimento da Mesa, mas a Resolução é consagrada ao Plenário. Ou a Mesa edita uma Resolução e ela passa a ter eficiência sem a ouvida do Plenário?

Estou conseguindo provocar a discussão nesse particular e nós precisamos aquecer esta discussão.

O que vai provocar a mudança é um Projeto de Resolução e não o Regimento; o Regimento dará o indicativo. O art. 228, no Parágrafo 2º, tem a seguinte redação: “As Bancadas serão estruturadas com a finalidade de oportunizar aos Líderes informações técnicas relativas às suas atribuições regimentais”. Esse é o texto proposto. O texto alterado: “com a finalidade de oportunizar informações técnicas, as Bancadas serão instrumentalizadas com recursos humanos proporcionais ao número de seus Vereadores, conforme Resolução da Mesa.”

Concluo, Sr. Presidente, colocando a grande indagação, a Resolução da Mesa é ou não é submetida ao Plenário? Porque, se a Resolução da Mesa veio ao Plenário, o objetivo que tínhamos na Comissão, fica satisfeito, instituímos o critério e a conformação do critério será discutida depois na Resolução correspondente, quando a Mesa encaminhar ao Plenário da Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador. )

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar, por cedência de tempo na ordem de intervenção do Ver. Luiz Braz.

 

O SR. AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. Luiz Braz me cedeu o lugar com muita acuidade, porque eu quero chamar a atenção do Plenário, que nós estamos fazendo Emendas a dois instrumentos distintos: um é o Regimento e o outro é o Projeto de Resolução da Mesa.

Nada mais eu tenho a acrescentar. Esta Emenda é ao Projeto de Resolução. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PR 032/97.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Pedro Américo Leal, que foi o relator da matéria, quero comentar com V. Exa. a Emenda nº 1, de autoria dos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Eu gosto desta Emenda, porque ela traz uma justiça para toda a Casa, para todos os Vereadores, para todas as Bancadas. Hoje, temos os partidos que fazem parte do acordo para administrar a Casa, temos o número de assessores vinculados ao número de Vereadores por Bancada. As Bancadas maiores têm um número maior de assessores, e as Bancadas menores um número menor de assessores. Isso faz justiça. Acontece que, para os partidos, para as Bancadas que não fazem parte do acordo, acontece a injustiça, porque para os partidos que não fazem parte do acordo, - V. Exa. pertence a um partido que não faz parte do acordo que dirige a Casa - esses partidos, na verdade, estão injustiçados, porque independente do número de Vereadores que tenha essas Bancadas, esses partidos vão ter apenas o número de assessores que é determinado de acordo com o Regimento, de acordo com a legislação. Então, se V. Exa. pertencer a um partido que tem um Vereador, ou um partido que tem 4, 5, ou 6 Vereadores, na verdade, vai ter o mesmo número de assessores. Isso é profundamente injusto. Para os partidos do acordo, hoje, acontece diferente, as Bancadas maiores têm um número maior de assessores e as Bancadas menores um número menor de assessores. Esta Emenda, eu gosto, porque ela vem fazer justiça. Esta Emenda vai fazer com que, independente de qualquer tipo de acordo que tivermos aqui para dirigir a Casa, todas as Bancadas tenham o número de assessores de acordo com o seu tamanho. Eu acho que isso é justo, porque, afinal de contas, se eu tenho uma Bancada com apenas um Vereador, eu vou precisar de uma assessoria menor, mas se eu tenho uma Bancada com muitos Vereadores, eu sei que a assessoria precisa ser maior. A qualidade continua a mesma, mas o tamanho dessa assessoria deve variar, porque, senão, teremos Vereadores prejudicados.

A Bancada do PT, que tem, hoje, doze Vereadores na Casa, ela apenas não é prejudicada em questão de assessoria, porque a Bancada do PT faz parte do acordo e, como faz parte do acordo, acaba tendo o número de assessores de acordo com o seu tamanho. Ela só tem o número de assessores de acordo com o seu tamanho, porque faz parte do acordo. Se não fizesse, estaria, na verdade, em desvantagem com relação às outras Bancadas. Assim também ocorre com a nossa Bancada, a do PTB, que somos a segunda maior Bancada da Casa, tendo cinco Vereadores, se não estivéssemos fazendo parte do acordo, também estaríamos sendo prejudicados, assim como ocorre, no momento, com o PPB de V. Exa., que é prejudicado pelo tamanho, por exemplo, em comparação - vou citar partidos amigos - com o PFL, do meu amigo Ver. Reginaldo Pujol, embora hoje esse Partido já tenha dois componentes, recebendo tratamento diferenciado do partido que tem um componente, assim como o partido que tem cinco componentes, como é o caso do meu Partido, tem de receber um tratamento diferenciado dos partidos menores, e isso é absolutamente justo.

Lembro que há algum tempo, o Ver. João Dib propunha que fizéssemos aqui blocos partidários para que as assessorias pudessem ser escolhidas com maior justiça, com relação à quantidade, para assessorar um determinado número de Vereadores. Por isso, eu gosto desta Emenda. Sem fazer blocos partidários, não é necessário fazê-los, nós vamos quantificar o número de assessores pelo número de Vereadores de cada Bancada. Esta é uma boa Emenda e vem fazer justiça com todos os Vereadores e Bancadas com assento nesta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 01 ao PR nº 32/97.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, esclareço que esta Emenda é fruto de um trabalho conjunto de assessorias de Vereadores, de Bancadas que participaram da Mesa neste último período, tanto no período da Presidência do Ver. Clovis Ilgenfritz, com a participação do Ver. Paulo Brum, quanto do último período, com a participação do Ver. Luiz Braz.

Essa Emenda, como disseram o Ver. Luiz Braz e o Ver. Pedro Américo, trata de estabelecer uma justiça, uma equação na possibilidade de assessoria técnica aos Vereadores e às Bancadas. É nesse sentido que ela foi proposta e assinada por um conjunto de Vereadores, numa intenção suprapartidária, no sentido ter sido mais de um partido a propor. A Emenda vem atender a intenção de fazer com que o tamanho da assessoria seja proporcional ao tamanho real das Bancadas dos Vereadores. Isso estabelece que cada Bancada, cada Vereador vai poder ter uma assessoria correspondente ao tamanho e não a um acordo. Na realidade, a intenção de estabelecer essa justiça é da Mesa e do conjunto das Bancadas.

Encaminhamos favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, solicitamos ao Ver. Isaac Ainhorn que auxilie os trabalhos de Secretaria da Mesa.

Em votação a Emenda nº 1, aposta ao Projeto de Resolução nº 032/97. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Passamos à votação da Emenda nº 6. (Lê a Emenda.)

 

O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Senhor Presidente, na composição da distribuição dos diferentes momentos da Sessão, fica faltando um dos mais importantes, que é a Pauta. Portanto, penso que essa Emenda, na forma como está proposta, não pode ser aprovada.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, há a Subemenda, que preenche esse vazio.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, solicito que seja lida a Subemenda.

 

O SR. PRESIDENTE: Este Presidente acolhe o Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol. Realmente, é oportuno que seja feita a leitura, bem lembrado também pelo Ver. João Dib, porque entendida a alteração, sem a leitura da Subemenda, ficaria subtraída da Sessão.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, quero fazer uma comunicação de natureza urgente e um Requerimento. Recebi a informação, neste momento, no meu gabinete, de que a Cidade está completamente inundada em vários pontos. A Cidade, neste momento, vive uma situação inusitada, com a paralisação completa em diversos pontos: a Osvaldo Aranha, a Goethe estão intransitáveis; aqui, não conseguimos sair da Loureiro da Silva; a Rodoviária está completamente intransitável, com carros com água pelas janelas. Gostaria, em face desse acontecimento grave, no qual esta Casa não pode-se omitir, que o Presidente da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, que deve estar presente, entrasse em contato, imediatamente, com o gabinete do Prefeito e com o Departamento de Esgotos Pluviais para saber das reais condições e no que esta Casa pode intervir, no sentido de colaborar neste momento de gravidade que vive a Cidade.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, agradecemos a V. Exa. O Vereador Presidente da Comissão encontra-se presente e, por certo, atenderá o Requerimento de V. Exa.

Solicito aos Srs. Vereadores que, após as intervenções, possamos voltar à Ordem do Dia, porque a mesma não pode ser interrompida.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem): Peço desculpas, mas recebi, agora, um telefonema do Sr. Nilton Ravasolo, Rua José Escutare, 304, telefone 361-6533. Ele foi visitado pela COSMAM e por mim. Eles estão debaixo d’água e estão desesperados. A água está invadindo a casa e eles não sabem o que fazer. Se alguém do DEP pudesse ir até lá agora para, pelo menos, tranqüilizá-los, seria bom. A Rua José Escutare é uma transversal da Rua Anita Garibaldi. Peço, inclusive, que a Mesa interfira junto à Comissão de Habitação. Obrigado pela gentileza.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, efetivamente, chove muito na Cidade; assim, na condição de Presidente da CUTHAB, vamos recolher todas as informações junto ao DEP, ao DMAE e à Prefeitura para esclarecer este Plenário, ainda nesta Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradeço. Peço a V. Exa. que faça isso em nome desta Presidência, que, no momento, não tem como afastar-se da direção dos trabalhos.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Requerimento): Diante desta quase catástrofe, pergunto se não é recomendável nós interrompermos a Sessão, porque a Cidade depende muito da Câmara.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está fazendo um Requerimento e eu consulto a Diretoria Legislativa, mas posso colocar esse Requerimento em votação. Logicamente, terá que haver intervenções no sentido de encaminhar, da sua procedência ou não, mas V. Exa. tem o direito de fazê-lo. V. Exa. está solicitando, formalmente, que seja interrompida a Sessão. Não posso colocar em votação um Requerimento desses sem encaminhamentos.

Suspenderei os trabalhos para que os Vereadores possam estabelecer uma conversação. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às17h44min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 17h45min): Estão reabertos os trabalhos. Vou ler o art. 144 do Regimento, que nos esclarece a situação: “A Sessão será encerrada, antes da hora regimental, nos seguintes casos: I - por falta de quórum regimental para o prosseguimento dos trabalhos, de ofício, pelo Presidente; inciso II - ocorrência de tumulto, de ofício, pelo Presidente; III - em caráter excepcional, em qualquer fase da Sessão, por motivo de luto nacional, pelo falecimento de autoridade ou alta personalidade, ou por calamidade pública, a Requerimento de Vereador, mediante deliberação do Plenário.”

Na verdade, o Presidente não pode, de ofício, suspender a Sessão com base no art. 144, inciso III, isto só seria possível mediante deliberação do Plenário.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, como houve um Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn para que o Presidente da nossa Comissão de Urbanismo Transporte e Habitação, Ver. Antônio Losada, buscasse informações junto ao DEP, ao Gabinete do Prefeito, acho que é prudente, de parte deste Plenário, aguardar as informações que o Ver. Antônio Losada trará e, aí sim, deliberamos se suspendemos ou não a Sessão, para verificarmos, de fato, a gravidade.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa, eu colho, das Lideranças, que a sua colocação é oportuna e, vindo as informações do Presidente da CUTHAB, aí sim, poderemos tomar ou não outro encaminhamento.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu não vou fazer uma Questão de Ordem, eu vou fazer um Requerimento. Nós sabemos, na história do orçamento da Cidade, que há dois anos o DEP tinha recursos e, no mês de dezembro, devolveu os recursos e não os utilizou para a Cidade. Nós, Vereadores, fechados no Plenário, não podemos saber o que está acontecendo na Cidade, não podemos ser informados, e temos que colher as informações. Estou pedindo a suspensão da Sessão imediatamente.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está fazendo, então, um Requerimento formal e com fundamento?

 

O SR. JOÃO DIB: Estou pedindo a suspensão da Sessão por calamidade pública.

 

O SR. PRESIDENTE: De acordo com o art. 144, inciso III. Colocamos em votação o Requerimento do Ver. João Antônio Dib. Eu faria, Ver. João Antônio Dib, um apelo para que fosse dada aplicação ao seu Requerimento quando tivéssemos todas as informações. Mas V. Exa. tem o direito de mantê-lo. Eu apenas faço um apelo ao Vereador mais antigo desta Casa, e meu amigo particular, de que o Requerimento seja implementado a partir do momento que nós recebamos as informações. Eu quero saber se posso contar com a colaboração do Ver. João Antônio Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, nós representamos a população; nós temos que sentir os anseios, as dificuldades, os medos e as preocupações da população. Acho que a forma de fazer é vendo, é vivendo, é participando. Lamentavelmente, eu mantenho o Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE: Mantido o requerimento do Ver. João Antônio Dib, com fundamento no artigo 144, inciso III, nós vamos colocá-lo em votação.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Juarez Pinheiro, na Presidência dos trabalhos; Srs. Vereadores; Sras. Vereadoras; Senhoras e Senhores. Eu acredito que deva estar existindo, Ver. João Dib, um grande equívoco. As notícias que são trazidas para este Plenário devem-se referir a uma outra cidade que não esta, porque estamos na Cidade que oferece a melhor condição de vida para todos os que aqui vivem. Não pode, Ver. João Dib, esta Cidade, que é decantada como a de melhor qualidade de vida no Brasil, depois de algumas gotas de chuva que caíram no dia de hoje, estar inundada! Não pode! Não é Porto Alegre! As notícias que são trazidas para este Plenário não devem corresponder à situação de Porto Alegre! Eu acho que nós estamos falando de outra cidade. Talvez, quem sabe, alguém viu na televisão a situação de São Paulo, uma cidade que inunda com muita facilidade, também por causa, quem sabe, de más administrações. Porto Alegre, não! Porto Alegre é tão bem administrada, os recursos são tão bem utilizados, principalmente pelo DEP, que usa tão bem os recursos, que eu não posso acreditar que esta Cidade esteja inundada! Eu não posso acreditar que, nesta Cidade, as pessoas estejam passando por sérias necessidades, por sérias privações por causa de um pouco de chuva! Aqui, não! É o primeiro dia de chuva, Ver. João Dib. Nós não estamos enfrentando uma semana de chuva, algum tempo de chuva; nós estamos no primeiro dia de chuva; então, não pode ser que, nesta Cidade, em Porto Alegre, onde a Administração é tão boa, esteja acontecendo isso! Deve ser outra cidade!

Eu tenho certeza de que aqui o esgoto pluvial deve estar bem limpo, deve estar desentupido; as ruas não podem estar sujas; o lixo é recolhido de forma regular e não corre para dentro das bocas-de-lobo. Eu acredito também que, quando se fez asfalto nesta Cidade, não se encurtou o tamanho das bocas-de-lobo para que esses problemas fossem agravados. Aqui não se faz isso! Ou se faz? Ou será que quando se começou a colocar asfalto em cima de asfalto, quando se começou, demagogicamente, a levar asfalto para todas as regiões da Cidade, acabou-se fazendo com que os canais de escoamento para as chuvas que caem nesta Cidade fossem completamente entupidos, e hoje não temos condições de enfrentar o primeiro dia de chuva? Esta é a Cidade de melhor qualidade de vida? Acredito, Ver. João Dib, que devemos estar enganados. A notícia não pode estar correta. Por isso, tenho que votar, infelizmente, contrariamente à proposição de V. Exa., Ver. João Dib, que quer suspender os trabalhos. Devemos continuar os nossos trabalhos porque esta Cidade não pode estar alagada com o primeiro dia de chuva. Esta Cidade não pode estar vivendo os problemas que disseram estar vivendo, no primeiro dia de chuva. É impossível! Senão, é muito mal-administrada! Senão, tem gente contando mentiras nesta Cidade! Senão, tem gente enganando as pessoas desta Cidade! Não acredito que as pessoas desta Cidade estejam sendo tão enganadas assim. Não pode ser. Os Vereadores que vieram até aqui trazer essas notícias devem estar equivocados. Eles devem estar errados, porque eu não acredito que alguém tenha a desfaçatez de enganar as pessoas desta forma. Não acredito que esta Cidade possa estar nessas condições.

Por isto, Ver. João Dib, voto contrariamente ao Requerimento de V. Exa. Voto para continuarmos a Sessão, porque não acredito que essas pessoas estejam enganando essa população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PPB, tem a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ainda na semana passada eu participava de um programa de rádio com a Deputada Esther Grossi, e o apresentador do programa dizia que eu conhecia todas as ruas da Cidade. Disse a ele que, na realidade, eu conhecia e conheço todos os problemas da Cidade. E os conheço porque nunca ouvi que era desta ou daquela forma. Eu fui verificar. Eu acho que, dentro deste magnífico Plenário, o ar está com a temperatura muito boa e não chove, apesar de chover em todos os corredores da Câmara Municipal. Há goteiras em todos os corredores da Câmara Municipal, mas aqui dentro não chove. E a única maneira de alguém saber o que está acontecendo na Cidade é vendo, porque eu tenho desta tribuna, reiteradas vezes, como tem feito o Ver. Cláudio Sebenelo, reclamado do Arroio Dilúvio, que não tem sido competentemente dragado. E muitas das entradas para o Arroio Dilúvio estão tomadas pela terra, verdadeiras ilhas formadas, fechando as entradas dos condutos que trazem água da Cidade. Então, é importante que se veja, para que depois se possa reclamar e sugerir. Até porque não basta ouvir do DEP que não tinha condições, que não deu por esta ou por aquela razão, ou porque São Paulo estava mais alagado do que Porto Alegre. Não! Nós somos Vereadores de Porto Alegre e estou declarando, Sr. Presidente, que suspensos ou não os trabalhos, eu vou olhar os alagamentos da Cidade, porque esta é a função do Vereador, saber por que está acontecendo. Porque, também, não consigo entender que há dois anos, no mês de dezembro, o DEP abriu mão de cinco milhões e duzentos mil reais, que era mais de trinta por cento do seu orçamento, sem que ele estivesse sido utilizado no mês de dezembro.

Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro Ver. Luiz Braz, que vai votar contrariamente ao meu Requerimento, eu acho que a obrigação nossa é olhar o que está acontecendo nas ruas, porque ficar aqui tranqüilamente instalado é muito bom; agora, o problema está lá nas ruas e não aqui. A solução depois estará aqui neste Plenário exigindo, apontando, mostrando o caminho para que a Cidade melhore, e se nós não olharmos, nós não saberemos o que está acontecendo. Nós teremos ouvido dizer, amanhã, olharemos nos jornais fotos; hoje à noite nós assistiremos a alguma coisa pela televisão, mas nunca saberemos a amplitude do que está ocorrendo aqui e agora. Eu, portanto, vou lá olhar. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. João Dib.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Senhor Nilton Ravasolo, Rua José Escutari, nº 304, telefone 361-35-63. Ele está debaixo d’água e numa situação caótica. “Cartório de registros de rios e de arroios, data, local de nascimento, peso, altura, filiação. Os córregos têm alma e ascendência. Só não deviam chorar, ao menos em dias de chuva. Lá do alto da barragem, com oceânica pretensão, chegará até o mar, apesar da democrática e popular, serpenteia balizado apenas pelas margens, desgramadas, deflorestadas, defloradas pelas penas da ingratidão. Hoje, aluvião de areia, é levado para frente, nos longos estios, aos gritos de dor, até o rio, sem motivo, nas repentinas chuvaradas. Chega o progresso e em vez de margens, avenida, volta e ida, e do Dilúvio, a ferida e suas lavadeiras, que sempre lavaram roupa e alma do cidadão, vítima deste crime: ser cloaca das cloacas; consomem a podridão e fetidez, criações do bicho homem com a única acusação, represália ao que fez: dar vida aos porto-alegrenses. Lâmpadas fluorescentes já não brilham, garrafas de refrigerantes dois litros jazem mortas, inservíveis. Aos milhares. Horrível. Pneus, sofás, no seu leito óleo Diesel. A mancha de mercúrio o cádmio em cada rosto. O inconsciente coletivo, participativo, boiando de vergonha a nos marcar pela insensatez, pela ignorância, a dor da indiferença do administrador municipal pela falta de educação! Um povo violento transformou água em vinho, o paraíso dos peixinhos na mais miserável fonte de cólera, hepatite, tifo, leptospirose. É dose. ‘Obra prima’ da urbanidade, deixa de ser o antigo arroio para ser apenas o caos, o esgoto, a morte. Mau gosto que fere a vista. Receberemos de volta cada vez mais em desgraças plantadas extermínio dos peixes, de microflora, de microfauna. Um dia, em mutirão, fugindo do tântalo infernal: Para que ‘Guaíba Vive’ se o Dilúvio, morre envenenando os animais do rio. Na tentativa de ressuscitá-lo a multidão içará faixas ‘Por favor, não contem aos quarenta casais’.”

Esse é um dos maiores problemas da Cidade. Pedimos socorro ao DEP, para que vá na rua José Scutari e salve essa população que está desesperada, com o nível de água aumentando cada vez mais. Acho que é fundamental que as pessoas entendam que o problema não é partidário, que essa é a conseqüência do tratamento antiambiental que nós damos, que o problema do meio ambiente é fundamental, que não se pode tratar meio ambiente dessa forma, que quando vimos aqui reclamar do Arroio Dilúvio e do Arroio Areia, não estamos fazendo proselitismo político, nós estamos vendo a morte de pessoas como Guilherme Heiser (?), no dia 7 de junho de 1998, dentro de um bueiro desta Cidade.

Nós temos uma Sessão que já se prolonga, tem Vereador pedindo, tem uma população pedindo candentemente: “suspendam a Sessão, pelo menos por hoje”, que a Câmara Municipal de Porto Alegre se transfira para os locais de alagamento de Porto Alegre, que são muitos. Tem uma precipitação intensa em Porto Alegre e nós reconhecemos isso, ninguém vai resolver todos os problemas.

Por favor, comecemos agora uma campanha no Plano Diretor, para que não se permitam mais aberrações brutais nesta Cidade, agressões incríveis que resultam nesse pânico, nessa vergonha que Porto Alegre tem que enfrentar a cada precipitação maior. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós discordamos do nível de discurso que está sendo dado aqui, na condição de Presidente da CUTHAB, com as informações que estamos recebendo, ...

 

(Apartes anti-regimentais.)

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Porto Alegre não é São Paulo, tem alguns pontos críticos, Canoas está em baixo d’água...

 

(Apartes anti-regimentais.)

 

O SR. PRESIDENTE: Por gentileza, Vereador Luiz Braz, vamos manter a tranqüilidade.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h04min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h05min): Estão reabertos os trabalhos.

Ver. Antônio Losada, o Vereador Líder do Partido de V. Exa. decidiu encaminhar essa matéria. Portanto, V. Exa. conclua sua Questão de Ordem.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para concluir, nós fizemos contato com o DEP e com o Gabinete do Prefeito. Há alguns pontos críticos na Cidade, não podemos negar.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento do Ver. João Dib.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nenhum momento a nossa Bancada negou uma informação. Nós, inclusive, apoiamos o Requerimento feito de forma oral pelo Ver. Isaac Ainhorn, que solicitou que o Presidente da CUTHAB buscasse informações junto ao DEP e ao Gabinete do Prefeito.

Portanto, tudo o que se disse aqui é muita emoção e alguns, de fato, Ver. Cláudio Sebenelo, querem aproveitar um problema para transformar num aspecto político que não resulta em nada.

Na Cidade, a partir das informações do Ver. Antônio Losada, tem alguns pontos, sim, alagados, porque houve um nível de precipitação pluviométrica muito acima da média. Tanto que a cidade de Canoas, aqui ao lado, está praticamente alagada, tal a intensidade da chuva que caiu. Então, é em cima disso que devemos trabalhar.

A partir daí, a nossa Bancada vai votar a favor do Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal, embora não tenhamos certeza do que é que cada um de nós vai poder fazer no ponto de alagamento. Eu gostaria de ouvir, se algum outro Vereador vier à tribuna, o que é que vamos fazer nos locais alagados. Se nós vamos ajudar a população, se vamos, quem sabe, desentupir alguma boca de lobo ou uma canalização. Fica essa dúvida. Eu quero saber o que é que os Vereadores vão fazer lá.

De qualquer maneira não dá para aceitar o proselitismo de alguns que vêm aqui dizer que a Cidade está mal-administrada nisso; ao contrário, nunca houve tanto investimento seguido no setor pluvial na Cidade. E eu quero relembrar que na administração - nem vou citar quem era o Prefeito - do ano de 1983 a 1985 morreu uma criança nesta Cidade, e não éramos nós que estávamos na Prefeitura.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito aos Srs. Vereadores que permaneçam sentados em suas tribunas, para que o orador possa, com tranqüilidade - direito assegurado no Regimento -, fazer a sua intervenção.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Então, não dá para aceitar que Vereador, que tinha responsabilidade naquela ocasião, naquele governo, venha aqui dizer que nunca viu como está mal-administrado e disso tirar proveito político. Nunca houve tanto investimento no setor pluvial da Cidade.

Agora, não há e não haverá - e aqui fala um técnico - cidade no mundo que seja imune cem por cento a alagamentos. Sempre haverá uma chuva que alagará a cidade, seja em parte dela ou na sua totalidade. Inclusive, as canalizações são calculadas para isto: noventa e cinco por cento das chuvas são absorvidas, mais do que isso, vai haver alagamento.

O que se quer é que, logo depois que pare a chuva, em quinze ou vinte minutos a água escoe. É assim que se calcula no mundo.

Portanto, não há como fazer ou como tirar proveito político em cima de um problema na Cidade.

Agora, há um problema? Há, sim. O nível de queda de chuva nesta tarde foi muito alto.

Portanto, se o Requerimento é este, nós votamos a favor, porque reconhecemos que há problemas em alguns pontos da Cidade.

Agora, eu quero perguntar: o que farão os Vereadores lá? Eu penso que, talvez, fizessem mais aqui, votando alguns Projetos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Neste momento, vamos colocar em votação a prorrogação da Sessão, eis que seu prazo esgotou-se.

Há um Requerimento, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando que a votação seja nominal.

Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é visível a falta de quórum. Essa falta de quórum é a prova de que os Senhores Vereadores, preocupados com o problema da Cidade, já estão tomando providências.

 

O SR. PRESIDENTE: Há uma retirada, neste momento, através do Ver. Renato Guimarães, do Requerimento do Partido dos Trabalhadores, solicitando votação nominal.

Há um novo Requerimento, de autoria do Ver. Gilberto Batista, solicitando que a votação seja nominal.

Em votação nominal o Requerimento do Ver. Gilberto Batista, que solicita a prorrogação da Sessão. Informamos Srs. Vereadores que SIM aprova a prorrogação da Sessão; com o voto NÃO a Sessão será, imediatamente, interrompida. (Pausa.) (Após a chamada nominal.) 07 votos SIM; 02 votos NÃO. Não há quórum para a prorrogação da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrar os trabalhos da presente Sessão, quero agradecer ao Ver. Pedro Américo Leal, na dificuldade que foi conduzir esta Sessão, pela forma ética com que colaborou, emblematizando outros Vereadores que assim também o fizeram, com os trabalhos da Mesa.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h19min.)

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